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novembro 04, 2003


Expresso do meio-dia III


"Saudita compra dívidas ao fisco"

"Especulador saudita compra dívidas ao fisco português"

Estes foram os títulos usados nas primeiras páginas dos cadernos do Expresso (principal - 1° - e Economia - 2° -, respectivamente), para captar a atenção dos leitores para o artigo sobre a compra das dívidas fiscais do Estado português por uma entidade bancária - o Citigroup - cujo "principal accionista individual" é o bilionário saudita Al Alwaleed.

Indignado, pesquisei o artigo sobre qual a percentagem de controlo accionista este possuia no referido banco. Os seis (6) parágrafos da primeira página do caderno principal nada dizem.
Sigo para o 2° Caderno.
Quatro (4) parágrafros depois, ainda nenhum detalhe sobre o "especulador saudita", "maior accionista individual" do "gigante financeiro norte-americano".
Sigo para a página 5 do referido caderno.
Apenas no oitavo (8°) parágrafo encontro a informação que queria (meu bold):
"No registo da CMVM identificam-se os dois titulares da Sagres: o Citigroup Finantial Products, directamente, com 100%, e Al Alwaleed, indirectamente, com 5,17% do Citigroup Finantial Products" (in Expresso, 1/11/2003)


Primeiro, os jornalistas deviam aprender um pouco de matemática: se o Citigroup Finantial Products possui 100% da "Sociedade de Titularização de Créditos Sagres", então esta tem apenas um titular...

E, segundo, 5,17%? Este alarido todo por um sócio minoritário?
Usando uma analogia cinematográfica: excelente teaser/trailer, péssimo filme!

Continuando a citar os pseudo-jornalistas do Expresso (que citaram a CMVM) - meus bolds:
"Para a CMVM, o facto de Al Alwaleed ser o maior accionista individual do Citigroup não tem qualquer relevo na actividade da titularização de créditos"

"(..) 'o Citigroup, que está cotado em Nova Iorque e é supervisionado pela SEC - Securities and Exchange Commission', refere a fonte oficial da CMVM, esclarecendo que 'o Citigroup é o maior grupo a nível mundial em operações de titularização de créditos'"

São estas "estratégias" de marketing que fazem determinado produto perder a "qualidade percebida": prometem o que não conseguem cumprir.

Assim, subscrevo a seguinte frase do artigo (meus bolds):
"O Ministério das Finanças considera 'lamentável' que a discussão sobre a titularização de créditos desça ao nível da idoneidade dos accionistas do maior banco mundial"