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janeiro 21, 2004


Défice & Crianças


No Barnabé, Daniel Oliveira sugere os "anúncios" televisivos Anti-bush, promovidos pela MoveOn [para os visionar é necessário o QuickTime]. A sua descrição do primeiro classificado (normal, banda larga):
"explica em 30 segundos como se pode aumentar o défice e cortar nas despesas sociais. Nós sabemos. Ficou em primeiro."

Conclusão errada!

O "anúncio" de 30 segundos ("Child's Pay") mostra crianças a trabalharem em profissões de adultos para demonstrar as consequências do défice orçamental. Ao contrário do que o Daniel Oliveira possa pensar, não se trata de "cortar nas despesas sociais" actuais.

Trata-se, sim, de explicar - de uma forma genial - que quem pagará o actual défice serão os que hoje ainda não têm idade para votar. Provavelmente, o Daniel esqueceu-se de ler o único texto que aparece no "anúncio": "Guess who's going to pay off President Bush's $1 trilion deficit?"

Explicações de Economia Pública:
1. cada vez que as Despesas são maiores que as Receitas cria-se um Défice;
2. no Estado, um Défice Orçamental é, normalmente, financiado por Dívida Pública - também pode ser financiado por Receitas Extraordinárias;
3. se existirem contínuos défices a Dívida Pública cresce;
4. o aumento da Dívida Pública significa o crescimento, em cada ano, do pagamento de juros;
5. a Dívida Pública, como qualquer outro empréstimo, terá de - mais cedo ou mais tarde - ser paga;
6. o pagamento da Dívida Pública terá, no futuro, de ser paga com a redução das Despesas (menos "despesas sociais"?) ou com o aumento das Receitas (mais impostos);
7. se os contínuos défices adiam o pagamento da Dívida Pública, então serão os futuros agentes económicos a pagar a "factura";
8. os "futuros agentes económicos", hoje, não têm poder de decisão sobre as políticas económicas: são ainda crianças!

Assim, o "anúncio" Anti-Bush sugerido por Daniel Oliveira pode ser, em Portugal, dirigido à Esquerda que, à semelhança de George W. Bush, defende o laxismo no combate ao défice - incluíndo o próprio Daniel!

Barnabé, quem vai pagar o défice português? Os nossos filhos...