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fevereiro 03, 2004


Ensino... Superior II?


Afirmações de um professor universitário (meus destaques):
"A razão para as propinas é, para a direita, que é mais eficiente socialmente fazer pagar o ensino, porque assim lá chegará quem compra esse direito; para a esquerda, a razão para a gratuitidade do ensino é simplesmente que não se trata de uma mercadoria mas de um direito igualizante, e que a diferenciação não pode ocorrer no acesso mas somente no mérito no uso do direito. Da direita resultará um ensino de elite, da esquerda resultará um ensino aberto e portanto com mais sucesso.

(...) Há um sentido democrático profundo nesta desmercantilização da saúde, que é a criação de uma contrapartida de direito aos bens que são pagos pelos impostos, que são justamente o preço da nossa responsabilidade social. O mesmo se deve aplicar à educação: nenhum outro critério de selecção deve afastar um jovem de uma qualificação e aprendizagem, que não seja a sua própria capacidade de aprender. Ora, pelo contrário, o novo imposto que é a propina exclui em vez de incluir, porque agrava esse custo já elevado (...)"
(in "Tanto Ódio Contra Os Estudantes", de Francisco Louçã, Público, 29/11/2003)

É estranho Francisco Louçã afirmar que "da esquerda resultará um ensino aberto e portanto com mais sucesso" quando sabemos, empiricamente, ser o ensino privado norte-americano que apresenta mais casos de sucesso - vejam, por exemplo, a quantidade de prémios Nobel atribuídos a docentes de universidades americanas.

Segundo Louçã, o português sem "mérito" para aceder à universidade (por falta de habilitações literárias) deve pagar - através de impostos - o livre acesso de, por exemplo, estudantes que beneficiam directamente do curso superior que frequentam - através de maiores salários. Onde está o referido "direito igualizante" desta prática?

Porque deveriam os portugueses financiar o curso de Economia do Dr. Francisco Louçã? Não estará ele, como professor universitário, a receber um ordenado superior ao que receberia se não tivesse tal diploma? Não será isso, sim, um "ensino de elite"?

Mas também há cursos cuja saída profissional é escassa ou inexistente. Será "nossa responsabilidade social" financiar futuros desempregados?