<$BlogRSDUrl$>

maio 18, 2004


Ceteris Paribus


O título em epígrafe caracteriza um conceito amplamente usado no estudo de Economia: considerar os efeitos no modelo económico em estudo, dado a alteração duma variável e assumindo que tudo o resto se mantem constante.

Existe, contudo, por vezes, o erro de cair na armadilha do que costumo designar por "lógica de ceteris paribus": limitar o estudo do fenómeno económico a modelos demasiado simplistas.

Um óptimo exemplo da "lógica de ceteris paribus" é o post no Grande Loja do Queijo Limiano sobre, entre outras, as consequências da redução do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) face a um futuro choque petrolífero (meu destaque):
"Com uma a escalada da inflação, acima do crescimento dos salários nominais , temos uma perda real do poder de compra, com consequente quebra no consumo. Os governos centrais nada podem fazer, uma vez que o único instrumento que dispõem é o orçamento, e a única hipotese no caso português seria descer o ISP - imposto sobre petróleo que garante cerca de 10% das receitas fiscais. Uma descida na taxa de imposto só iria agravar ainda mais o défice orçamental."

No entanto, o "resto" não se mantem constante! A redução do ISP diminiu as receitas fiscais desta rubrica do Orçamento de Estado mas, também, aumenta o rendimento disponível dos agentes económicos. Este"excedente" de rendimento acabará sempre por beneficiar o Orçamento de Estado através do aumento das receitas de IVA, IRS ou IRC.

Sobre as consequências de se manter um imposto sobre os produtos petrolíferos elevado, aconselho o post intitulado "ISP debaixo de fogo" no A Verdadade da Mentira.