setembro 02, 2004
Ensino: Público vs Privado
Através do Jaquinzinhos descobri o blog "Nas fronteiras da dúvida", de Luís Aguiar-Conraria, estudante de doutoramento de Economia na Universidade Cornell.
Apesar de beneficiar(?) do ingresso numa das mais conceituadas universidades americanas, o Luís Aguiar-Conraria não apoia a criação, em Portugal, de semelhante sistema privado de educação. Porque, segundo ele, "levaria à exclusão de muitos estudantes por razões financeiras". Sendo assim, porque não faz ele o doutoramento numa universidade pública portuguesa? Aguardo resposta...
Ainda, no post "Que faço aqui?", o blogger refere um seu artigo sobre o financiamento da educação intitulado "Public vs Private Schooling in an Endogenous Growth Model" (na página, sigam o link abaixo de "Downloads": ficheiro PDF - 308 KB). Trata-se de um trabalho (como tantos outros) em que o comportamento humano é reduzido a um simples modelo matemático. Ahhh, se, nós humanos, fossemos assim tão fáceis de definir!!!
Mas, penso eu, é suficiente comentar o seguinte texto da introdução:
O sistema público de ensino "reduz a desigualdade" porque não existem incentivos à inovação, presentes no sistema privado - através da concorrência entre instituições. Trata-se, assim, de nivelar por baixo a qualidade de educação.
Talvez o autor ainda não conheça o termo dumb down: "To rewrite for a less educated or less sophisticated audience.". Ou, nas suas próprias palavras, a "fortíssima componente de matemática (...) [faz, às vezes, esquecer] que estava a estudar economia".
Inconscientemente, o próprio Luís Aguiar-Conraria concorda com a afirmação acima. Volto a usar as suas palavras (meu destaque):
Interpreto que um doutoramento, em Portugal, numa universidade pública, não teria a mesma "intensidade" de aprendizagem...
Concluindo, a igualdade não é um objectivo válido. Tal pressupõe que todos os estudantes têm semelhantes capacidades de aprendizagem. Não têm! A desigualdade faz parte da condição humana.
Apesar de beneficiar(?) do ingresso numa das mais conceituadas universidades americanas, o Luís Aguiar-Conraria não apoia a criação, em Portugal, de semelhante sistema privado de educação. Porque, segundo ele, "levaria à exclusão de muitos estudantes por razões financeiras". Sendo assim, porque não faz ele o doutoramento numa universidade pública portuguesa? Aguardo resposta...
Ainda, no post "Que faço aqui?", o blogger refere um seu artigo sobre o financiamento da educação intitulado "Public vs Private Schooling in an Endogenous Growth Model" (na página, sigam o link abaixo de "Downloads": ficheiro PDF - 308 KB). Trata-se de um trabalho (como tantos outros) em que o comportamento humano é reduzido a um simples modelo matemático. Ahhh, se, nós humanos, fossemos assim tão fáceis de definir!!!
Mas, penso eu, é suficiente comentar o seguinte texto da introdução:
"It is known from the literature, see Glomm and Ravikumar (1992) and Zhang (1996) as the leading references – also see Bräuninger and Vidal (2000), that one of the effects of the public system is the reduction in inequality. This happens because all agents face the same quality of education, while in a private system richer families have better schooling. So, on distributional grounds, there is a consensus that a public system is superior to a private system, at least if one considers equality as a goal."
O sistema público de ensino "reduz a desigualdade" porque não existem incentivos à inovação, presentes no sistema privado - através da concorrência entre instituições. Trata-se, assim, de nivelar por baixo a qualidade de educação.
Talvez o autor ainda não conheça o termo dumb down: "To rewrite for a less educated or less sophisticated audience.". Ou, nas suas próprias palavras, a "fortíssima componente de matemática (...) [faz, às vezes, esquecer] que estava a estudar economia".
Inconscientemente, o próprio Luís Aguiar-Conraria concorda com a afirmação acima. Volto a usar as suas palavras (meu destaque):
"Nunca imaginei que fosse possível aprender tanto, tão depressa, com tanta intensidade como aprendi nestes anos. Ao fazer-se um doutoramento na Cornell é-se empurrado, em cerca de 2 anos, para a fronteira da ciência. Aí chegado, descobrimos o tanto que não sabemos."
Interpreto que um doutoramento, em Portugal, numa universidade pública, não teria a mesma "intensidade" de aprendizagem...
Concluindo, a igualdade não é um objectivo válido. Tal pressupõe que todos os estudantes têm semelhantes capacidades de aprendizagem. Não têm! A desigualdade faz parte da condição humana.