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setembro 01, 2004


Subscrevo


Na edição de 21 de Agosto do semanário Expresso, o director, José António Saraiva, escreveu (meu destaque):
"[Chávez] não investe o dinheiro que ganha com a venda de petróleo (...) na modernização das estruturas produtivas: distribui-o directamente pelos pobres. Assim, faz-se amar pelo povo. Mas, simultaneamente, condena-o à miséria, porque a única forma de acabar com a pobreza é promover o desenvolvimento. O dinheiro que não é aplicado de forma rentável desaparece como chuva na areia.
Um provérbio chinês ensinava a receita apropriada: «Se vires um pobre com fome, não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar». O coronel Hugo Chávez faz exactamente o contrário: oferece peixe aos pobres. Paga a médicos para darem consultas grátis aos mais necessitados e fornece géneros a metade do preço. Desta forma, percebe-se que o povo o adore. Não compreendendo que deste modo nunca sairá da cepa torta.
O caso de Chávez merecia estudo sério. Porque mostra os limites da democracia: revela o modo como um demagogo pode conservar o poder satisfazendo o povo no imediato mas condenando-o a prazo."

Concordo com esta última parte do texto! Em qualquer democracia haverá sempre, em maior ou menor escala, políticos demagogos que tentam "satisfazer o povo no imediato" com a riqueza confiscada a outros (em sistemas totalitários a situação piora: o voto perde o pouco poder que possui). Contudo, caro José António Saraiva, a atitude de Chávez não é a excepção mas, sim, a norma!

E, ainda que um político (incluindo Chávez) queira investir na "modernização das estruturas produtivas", como saberá ele quais as empresas a financiar (e em que montante)? A decisão de investimento (da riqueza confiscada) será sempre política!

O director do Expresso usou a vitória de Chávez no referendo venezuelano para demonstrar uma das falha do sistema democrático: a "compra" de votos. É um bom começo...