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outubro 20, 2004


Serviço Público de Televisão II


Via Blasfémias, leio o post de Vital Moreira (co-autor do Causa Nossa) sobre os que se opõem a um serviço público de rádio e televisão:
"São coerentes, sempre pela mesma razão: eles não precisam desses serviços públicos para terem acesso privilegiado a [certos bens básicos] e por isso também não querem pagá-los. Uma posição inquestionavelmente racional, pois claro!"

Actualmente, a televisão pública é composta por dois canais: RTP1 e 2: Vital Moreira esqueceu-se de que, além destes, os telespectadores também não pagam para ver os canais privados SIC e TVI.

Logo, a posição "racional" passa por analisar de que forma os canais públicos se diferenciam em relação aos privados. Em Janeiro deste ano, apliquei tal análise à RTP1 e facilmente cheguei a semelhante conclusão de Luís Nazaré, também co-autor do Causa Nossa (meu destaque):
"O conceito de RTP 1 como referência de serviço público está completamente falido e a insistência na «bi-polaridade» só fará perder mais tempo e dinheiro aos contribuintes. Privatize-se o bicho."

Mas será que, no que respeita ao canal 2:, Vital Moreira tem razão? Penso que não. Para o efeito, a análise do João Miranda é perfeitamente correcta (meu destaque):
"Há uma contradição entre as preferências dos mais desfavorecidos e o conteúdo do serviço público de televisão que se traduz nas miseráveis audiências do canal 2. O canal 2 é visto precisamente e apenas por aqueles que não precisam dele. Os intelectuais defendem um serviço público que o público rejeita. Esta contradição é um sintoma de paternalismo e/ou hipocrisía."

Tendo possibilidade de escolher, o público opta por ver os programas dos canais privados (ou os programas do canal público que tenta copia-los: RTP1). Deste modo, caro Vital Moreira, não se trata apenas de "uma posição inquestionavelmente racional" mas, sobretudo, de uma questão de liberdade de escolha dos indivíduos.

O público votou com o controlo remoto! Vital Moreira, no entanto, mantém a sua posição inquestionavelmente irracional, pois claro!!!