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setembro 26, 2003


Música portuguesa por decreto III


Foram aprovadas as propostas de lei para a imposição de quotas de música portuguesa na rádio. Como aqui antes afirmei, a intervenção do Estado no mercado radiofónico não é uma solução viável, apesar da opinião do "lobby de músicos portugueses":

"A Associação Venham Mais Cinco, fundada há alguns meses por João Gil, Luís Represas, David Fonseca, Rui Veloso e Manuel Faria, tem vindo a reclamar um tratamento preferencial da música portuguesa e a aprovação de uma lei de protecção à música nacional que garanta um mínimo de 40 por cento de produção portuguesa nas programações radiofónicas." (in Público 26/09/2003)

A solução deverá sempre passar pelo próprio mercado. É precisamente um músico (Ulisses) que, no blog Canal Maldito, apresenta a melhor estratégia (meus bolds):

Diagnóstico:
"(...) temos discos que vendem e que não passam nas rádios, temos discos que passam nas rádios e que não vendem e temos discos que não fazem nem uma coisa nem outra mas que podiam fazer mais qualquer coisa."

A melhor estratégia? Conhecer o mercado:
"As editoras, antes de editar, deviam efectuar estudos de mercado, saber aquilo que as pessoas querem ouvir, acompanhar a evolução das tendências, escutar as maquetas e submeter os projectos escolhidos numa primeira fase à análise de um público restrito mas representativo.
Dessa forma poupar-se-ia imenso dinheiro em edições fracassadas, apostar-se-ia mais em música nacional e as próprias rádios teriam mais confiança nas editoras, como parceiros de negócio que são."

Aqui está a chave para o sucesso da música portuguesa:
"As editoras, as rádios e todos os agentes musicais no geral, deveriam reposicionar-se face ao mercado e ouvir as pessoas, que são quem sustenta muitos de nós. Como manda a regra, 'o cliente tem sempre razão'."

Lamentavelmente, a referida Associação Venham Mais Cinco preferiu "reclamar tratamento preferencial" em vez de procurar conhecer como o mercado radiofónico funciona. E bastava ouvir o que os colegas de profissão tinham a dizer!