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março 16, 2005


Estado Financia Deslocalização


No semanário Expresso [conteúdo pago] (meus destaques):
"Um ano depois da aquisição do grupo francês Labelle Tachon, os portugueses da Front Shoes começaram a reforçar a quota de produção nacional, deslocalizando para fábricas de Felgueiras contratos até agora garantidos em Espanha e Itália.
(...)
[A Front Shoes é um] consórcio criado em 2003 por seis empresas portuguesas de calçado e duas capitais de risco [PME Capital e PME Investimentos que detêm 49%] para comprar uma rede de distribuição em França, com o apoio do programa Dínamo"

Contra esta deslocalização os sindicatos (portugueses, claro) não protestam!

Mas não são as empresas portuguesas que assumem o risco deste negócio. São, sim, os contribuintes, via Estado.

Sobre o Programa Dínamo do Ministério da Economia já aqui comentei. O que alguns podem não saber é que as referidas empresas de "capital de risco" pertencem, também, ao Estado, através do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento - IAPMEI.

Empresas designadas de "capital de risco" investem em projectos com elevada probabilidade de insucesso. As melhores decisões de investimento são dos proprietários da riqueza confiscada: os contribuintes. Não do Estado.

Ser uma entidade estatal a assumir o papel de investidor, e com o dinheiro dos contribuintes, faz-me recordar as seguintes palavras de Milton Friedman (tradução livre; meu destaque):
"- se gastas o teu dinheiro em ti, tens tendência a ser muito cuidadoso com quanto gastas e como este é gasto;
- se gastas o teu dinheiro noutra pessoa ainda te preocupas muito sobre quanto é gasto mas estás um pouco menos interessado em saber como é gasto;
- se gastas o dinheiro de outros em ti, não estás muito preocupado sobre quanto se gasta mas sim como é gasto;
- mas se gastas o dinheiro de outros em qualquer outro, não estás preocupado sobre quanto é gasto nem de que forma é gasto"

Ou podemos usar uma pequena história:
Dia 1
A: Quem paga o almoço?
B: Cada um paga o seu!!!
A: Vou comer um bifezito com batatas fritas...

Dia 2
A: Quem paga o almoço?
B: Hoje pago eu.
A: Boa, eu vou comer uma Lagosta!
B: Nem pensar, o máximo que pago é 10 euros por cabeça.

Dia 3
A: Quem paga o almoço?
B: Hoje paga o chefe. Deu-me o cartão de crédito da empresa.
A: Grande, eu vou comer uma Lagosta!
B: Eu também...