junho 26, 2003
A indústria de cinema em Portugal III
Em posts anteriores (29 e 30 de Maio) já comentei que, para captar o maior número de audiências, o papel do produtor deve passar, primeiro, por avaliar e seleccionar o argumento que apresenta maiores probabilidades de sucesso comercial - não sei se Paulo Branco tem as necessárias capacidades para o fazer (usará ele o termo Marketing?).
Ora, o guião de “Debaixo da Cama”, escrito pelo crítico de televisão Eduardo Cintra Torres, é, por exemplo no que respeita ao desenvolvimento dos personagens, muito pobre: os papéis secundários têm tão pouca presença que podem ser interpretados por figurantes - lembro-me, entre outros, da actriz que faz o papel de filha do político cuja experiência profissional inclui, acho eu, umas telenovelas (não sei o nome dela porque sou novela-inculto: não quero que o nó no estômago seja permanente).
É função do produtor – mas também do realizador - encontrar os pontos fracos da história e exigir melhorias ao argumentista.
O produtor, além de ser o responsável máximo pela organização de um projecto cinematográfico, também deve ser, junto dos denominados “artistas” (actores, realizador, director de fotografia, etc), o “advogado do diabo” – neste caso o que zela pelos interesses do público.
Como co-produtora do filme - que iria ser transmitido em horário nobre - a RTP tem responsabilidades acrescidas dado que esta deveria ter presente a necessidade de cativar o maior número de portugueses.
PS: para um país em que a publicidade ao tabaco é proibida, é curioso ver a RTP, dito de serviço público, a financiar filmes em que os personagens não conseguem falar sem o pauzinho na boca (não deve ser interpretado com segundas intenções – este blog não é O Meu Pipi!!!). Aliás, passam mais tempo a fumar do que a falar.