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janeiro 12, 2005


Financiamento do "Ensino" Superior III


No Office Louging a transcrição duma conversa sobre o ensino superior:
"Ela: A culpa de haver muitos professores desempregados é do Estado que permitiu tantos cursos para ensino.
LA: Mas os alunos e os pais podiam ter escolhido outro tipo de curso.
Ela: Não interessa! Porque é que o Estado permitiu tantas vagas nesses cursos?
LA: Alguém foi obrigado a escolher esse cursos?
Ela: Não interessa! A responsabilidade tem de ser do Estado. As Universidades não são do Estado?"

Obrigados a escolher??? Não e, de certa forma... Sim!

Provavelmente a via Ensino não foi a primeira escolha de grande parte dos agora professores desempregados. Infelizmente para eles, no processo de candidatura, outros alunos - com melhores classificações - terão conseguido ficar à frente.

No entanto, porquê escolher um curso com baixas perspectivas de empregabilidade? Porque não optar por um curso duma universidade privada ou ingressar directamente no mercado de trabalho?

Como resposta parcial, cito um artigo no LRC:
"[Federal grants] increase the supply of college educations. This, in turn, decreases their value – thus stealing from people who already have educations, because their educations now have a lower market value, and causing bad investment choices, when people for whom going to college is not the best option do so anyway.
(...)
[G]overnment subsidizing of college education helps out people who choose to go to college at the expense of people who don't – thus encouraging even more people to go to college..."

É aqui que surge o Sim/Não do meu comentário: os actuais professores desempregados não foram obrigados a escolher mas, sim, "encorajados", via impostos, a escolher um qualquer curso superior.

E, hoje em dia, dada as notícias sobre a enorme quantidade de professores desempregados, haverá, de certeza, menos alunos a optar pela via Ensino. Contudo, a tal informação não existia anos atrás, quando aqueles tomaram semelhante decisão.

Numa economia de mercado seria o preço (por exemplo, o spread da taxa de juro de um crédito universitário) o principal indicador da decisão de investimento do aluno. Com o Estado, dada a "gratuitidade" dos cursos superiores, esta importante fonte de informação deixa de existir.

Nota: apesar de tudo, dado o monopólio estatal do ensino básico e secundário, é relativamente fácil prever quantos professores serão necessários. O Estado poderia, assim, reduzir as vagas dos cursos de ensino mas, para manter as estatíticas de ingresso no ensino superior (uma questão política), teria de prever em que outros cursos haveria, no futuro, maior procura. Uma tarefa impossível.

PS: este é um tema já aqui anteriormente abordado. Aos interessados, deixo links para os meus posts intitulados Financiamento do "Ensino" Superior, Financiamento do "Ensino" Superior II e Custos de Oportunidade.