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maio 24, 2004


Combustíveis Online


Na semana passada comentei a diferença dos preços de combustíveis em Portugal e Espanha, consequência das diferentes políticas fiscais de cada Estado.

Uma vez que os dois países pertencem à União Europeia, portugueses e espanhóis podem comprar o combustível para as suas viaturas no país onde ele é mais barato.

Mas só os cidadãos que habitam junto à fronteira beneficiam! A distância a percorrer para abastecer o depósito impossibilita a maioria dos portugueses de tirar proveito, em Espanha, de um preço inferior.

A seguir, apresento o resultado de uma súbita "tempestade cerebral" sobre a tentativa de resolução deste problema logístico. Comentários são bem-vindos (ver email no canto superior esquerdo).

Aqui vai:
A internet é, cada vez mais, um importante instrumento de, não só recolha de informação, mas, também, comércio.

A minha sugestão passa, inicialmente, por uma empresa com sede em Espanha criar um site dedicado à venda de combustível a portugueses.

O próximo passo implica o desenvolvimento de um canal de distribuição do combustível espanhol. Este processo de distribuição baseia-se no aluguer dos depósitos dos actuais revendedores de combustível.

Por outras palavras, o combustível armazenado no posto de gasolina onde normalmente abastecemos o carro deixa de ser do revendedor para passar a ser propriedade do comprador internauta. Para o efeito, o antigo revendedor cobrará ao consumidor uma "taxa de armazenagem".

Os litros inseridos no tanque do carro para além da quantidade adquirida online seriam propriedade do revendedor. Logo, o preço praticado pelo excedente deverá ser, consequentemente, o que estiver em vigor em Portugal.

PS: a mesma estratégia pode ser aplicada se, inversamente, os preços dos combustíveis forem mais baratos em Portugal...


maio 18, 2004


Ceteris Paribus


O título em epígrafe caracteriza um conceito amplamente usado no estudo de Economia: considerar os efeitos no modelo económico em estudo, dado a alteração duma variável e assumindo que tudo o resto se mantem constante.

Existe, contudo, por vezes, o erro de cair na armadilha do que costumo designar por "lógica de ceteris paribus": limitar o estudo do fenómeno económico a modelos demasiado simplistas.

Um óptimo exemplo da "lógica de ceteris paribus" é o post no Grande Loja do Queijo Limiano sobre, entre outras, as consequências da redução do imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) face a um futuro choque petrolífero (meu destaque):
"Com uma a escalada da inflação, acima do crescimento dos salários nominais , temos uma perda real do poder de compra, com consequente quebra no consumo. Os governos centrais nada podem fazer, uma vez que o único instrumento que dispõem é o orçamento, e a única hipotese no caso português seria descer o ISP - imposto sobre petróleo que garante cerca de 10% das receitas fiscais. Uma descida na taxa de imposto só iria agravar ainda mais o défice orçamental."

No entanto, o "resto" não se mantem constante! A redução do ISP diminiu as receitas fiscais desta rubrica do Orçamento de Estado mas, também, aumenta o rendimento disponível dos agentes económicos. Este"excedente" de rendimento acabará sempre por beneficiar o Orçamento de Estado através do aumento das receitas de IVA, IRS ou IRC.

Sobre as consequências de se manter um imposto sobre os produtos petrolíferos elevado, aconselho o post intitulado "ISP debaixo de fogo" no A Verdadade da Mentira.


Desinformação III


Ontem, no Jornal da Noite da SIC, uma notícia sobre a diferença de preços dos combustíveis, nos postos da GALP em Portugal e Espanha: em terras lusas, a gasolina sem chumbo 95 é 17 cêntimos mais cara e o gasóleo 4 cêntimos!

O jornalista português deu-se ao trabalho de viajar até Espanha para mostrar aos telespectadores a diferença dos preços. Infelizmente, é possível que o jet-lag o tenha impossibilitado de efectuar a pesquisa necessária à realização de uma reportagem de qualidade!

Faltou o pseudo-jornalista informar-nos sobre a diferença entre as cargas tributárias dos resptectivos países. Então, sim, podia o telespectador concluir sobre a política de preços praticada pela referida empresa estatal.

E, bastava consultar o site do Ministério da Indústria, Turismo e Comércio espanhol (não encontrei semelhante informação no site do Ministério da Economia português...). Dados do mês de Março de 2004 (ficheiro PDF - 271KB) - valores em cêntimos de euro:

CombustívelPortugalEspanhaDiferença
Gasolina s/ chumbo 95 (s/ impostos)31,829,72,1
Gasolina s/ chumbo 95 (c/ impostos)97,683,214,4
Impostos gasolina s/ chumbo 9565,853,512,3
Gasóleo (s/ impostos)30,530,7-0,2
Gasóleo (c/ impostos)73,070,03,0
Impostos gasóleo42,539,33,2


Conclusão:
Entre Portugal e Espanha, no preço da gasolina sem chumbo 95, dos 14,4 cêntimos que os portugueses pagam a mais, 12,3 cêntimos respeitam à diferença entre políticas fiscais. Quanto ao gasóleo, a diferença de 3 cêntimos é consequência exclusiva da carga tributária portuguesa.


maio 13, 2004


Madeira Futebol Clube II


No final do campeonato de futebol português de 2002/2003 comentei sobre uma hipotética fusão dos clubes madeirenses: Marítimo e Nacional.

Esta época (2003/2004) os clubes classificaram-se, respectivamente, em 7º (48 pontos) e 4º (56 pontos).

De forma simplista - considerando os melhores resultados das equipas - o clube resultante da fusão teria alcançado 73 pontos, colocando-o no 3º lugar da classificação geral. Imediatamente atrás do Benfica (74 pontos) e com os mesmos pontos do Sporting!!!


1 Mês


Falta 1 mês para o começo do Euro2004. Será que a maioria dos empresários de restauração já conhece a mais valia do cappuccino? ;-)


maio 08, 2004


Assalto ao "Mundo"


No Barnabé, Daniel Oliveira, braço bloguista do Bloco de Esquerda, postou sobre a nova "causa" do referido partido: o grupo Carlyle (interessado na privatização da Galp).

Não sei quem tem razão, mas Daniel Oliveira, na ansiedade de "ajudar"o deputado Francisco Louçã (líder do Bloco), publica todo o artigo do "Le Monde" sobre a empresa americana. TODO o artigo!!!

Porque não publicou Daniel Oliveira apenas um pequeno excerto do texto e um link ao resto do artigo?
Nas suas palavras:
"(Porque o site é pago, podem ler o artigo aqui em baixo)"

A noção de roubo não parece fazer parte do dicionário de Daniel Oliveira...


maio 07, 2004


Efeito Borboleta


Segundo a sondagem EXPRESSO-SIC-Renascença-Eurosondagem o Bloco de Esquerda e o seu líder, Francisco Louçã, foram os que mais desceram nas intenções de voto: -0,9% e -3%, respectivamente.
Serão estas descidas nas sondagens consequência dos posts do Jaquinzinhos sobre o passado do Bloco de Esquerda???


Fundos Comunitários


Via Intermitente, um artigo do Cato Institute sobre a ineficácia das "ajudas" da União Europeia (meus destaques):
"[A]id was supposed to generate faster economic growth in outlying regions of Europe. There are conceptual problems with that approach to economic growth. Governments are notoriously bad at tackling the essential problem of economics: efficient allocation of resources. Whereas the market decides allocation of resources according to risk-adjusted returns on investment, governments allocate resources on the basis of political lobbying.

As a practical matter, aid cannot be the determinant of economic growth in Europe. If that were true, Greece and Portugal, which received some of the largest amounts of aid, but pursued socialist economic policies, would be Europe's economic superpowers. Instead, they are among the poorest pre-enlargement members of the EU."

A solução mais eficiente é, conjuntamente com a redução das despesas públicas, baixar os impostos!


Pedofilia


Via Mises Economics Blog, um artigo sobre uma consequência das manifestações contra a "exploração do trabalho infantil no Terceiro Mundo" (meus destaques):
"UNICEF reports that an international boycott of Nepal’s child-labor supported carpet industry in the 1990s forced thousands child laborers out of work. A large percentage of those child laborers were later found working in Nepal’s bustling sex trade."

Os activistas anti-globalização promovem, indirectamente, a prática de actos pedófilos???


Estado, Agência de Viagens


À semelhança da iniciativa da Câmara Municipal do Fundão, em Leiria, entidades públicas assumem um papel interventor no mercado:
"A cidade de Leiria vai apostar no alargamento do comércio, em três festivais gastronómicos e vários espectáculos musicais, com o objectivo de conquistar os turistas que visitarem a região durante o Euro 2004.

Numa iniciativa conjunta, os comerciantes, a Região de Turismo Leiria/Fátima (RTL/F) e a autarquia local estão a promover uma série de iniciativas que visam dar uma imagem positiva da região, procurando cativar os turistas para novas visitas no futuro."

Os empresários e habitantes de Leiria que não trabalham no sector de actividade do Turismo são os que, através dos seus impostos, pagam pelos benefícios dirigidos a este sector, mas, em troca, pouco ou nada recebem. Esta medida da autarquia local é, assim, um "incentivo" ao abandono das restantes actividades empresariais!


Capitalista V


No Público, uma notícia sobre uma proposta legislativa "capitalista":
"O Bloco de Esquerda (BE) propôs hoje na Assembleia da República um novo regime jurídico para as farmácias privadas que acabe com o "resquício fascista" que obriga o proprietário a ser farmacêutico.

O dirigente do BE [Francisco Louçã] explicou que, desde que a direcção clínica seja assegurada por um farmacêutico, o proprietário não tem de sê-lo.

«Um dono de uma padaria tem de ser padeiro?», questionou Francisco Louçã."

Liberalização da propriedade das farmácias? Apoiado!

A seguir, a proposta do Bloco de Esquerda para a liberalização de estabelecimento de farmácias???


Externalidades


Via Mises Economics Blog, um post no Cafe Hayek sobre externalidades negativas:
"For economists and other social-scientists working in the rational-choice tradition, a major rationale for government – indeed, perhaps the rationale for government – is that it eliminates (or dampens) externalities.

I wish (...) to point out that government creates as well as eliminates externalities.

One externality created by government – a negative externality – is the grouping of all citizens of a nation into one lump.

If those people who dislike U.S. government policies seek to terrorize Americans because of these policies, every American is at greater risk of being a victim of a terrorist attack – even those citizens who strongly oppose the policies. This is a negative externality."

Outro exemplo:
Na União Europeia - para se "proteger" os agricultores europeus da concorrência - elimina-se, através dos subsídios da PAC, qualquer hipótese de sobrevivência das populações dos países subdesenvolvidos.


Barões do Petróleo IV


Via Jaquinzinhos, um post de Luís Nazaré que a seguir transcrevo:
"Segundo o Miami Herald, se não houvesse especuladores de ouro preto, o preço do barril seria de 33 dólares em vez dos 38 dólares que recentemente atingiu nos mercados internacionais. O que é interessante é que a maioria dos especuladores são particulares abastados – ou, mais precisamente, fundos dirigidos a esse segmento -, desiludidos com o mercado accionista e ávidos de retornos rápidos. Bastam 100 mil dólares para entrar no clube. é o mercado livre a funcionar."

O Jaquinzinhos, num excelente post, desmonta a falácia publicada pelo referido socialista. Recomendo a sua leitura. Uma pequena amostra (meu destaque):
"«Especuladores» são geralmente Fundos de Investimento onde muitas vezes estão aplicadas, directa ou indirectamente, as nossas pequenas poupanças. Ou Fundos de Cobertura de Risco que tentam fixar os preços de aquisição futuros para protecção do risco dos seus clientes, onde se inclui, por exemplo, a Galp."

O Jaquinzinhos sugere, ainda, alguns textos. O primeiro explica o funcionamento do mercado (meus destaques):
"Prices aren't just made up. Prices are important market signals reflecting the relative scarcity conditions of any good. Rising prices imply an increase in the scarcity, or expected scarcity, of a good. In other words, if a good becomes scarcer or is expected to become scarcer, it's price will rise. The opposite is true when a good becomes abundant or is expected to become abundant.

[Most] of us are mini-speculators. If gasoline is $1.60 a gallon this week, and we expect it to be $2 next week, I'm guessing that the average person will fill his tank to the brim this week, which, by the way, would cause this week's price to rise.

Markets are not perfect. After all markets consist of millions upon millions of imperfect independent decision-makers like you and me. Abundant evidence, not faith, demonstrates that markets are far more reliable and predictable than a bunch of arrogant politicians and bureaucrats."

Lamento dizer que o senhor Luís Nazaré posiciona-se, ele próprio, no papel de político arrogante e burocrata.

O segundo texto demonstra que a variação de preços do barril de petróleo depende, também, das intervenções de Estados (meus destaques):
"The Organization of Petroleum Exporting Countries (OPEC) agreed to cut production targets by 4 percent. White House spokesman Scott McClellan said, «The United States continues to emphasize that oil prices should be determined by market forces.»

But the OPEC oil cartel is one of those «market forces». And so is the U.S. Strategic Petroleum Reserve (SPR).

Since November 2001, the U.S. government has been adding about 160,000 barrels a day to the 651 billion barrels already stockpiled in the SPR. During that time, oil prices rose from less than $20 a barrel to as much as $37."

Além da fixação dos preços pela OPEP (de fraca eficácia), o Estado americano exerce grande influência nos preços mundiais através das suas políticas de reservas "estratégicas". Talvez seja este o "especulador" a que se referia o senhor Luís Nazaré!

Nota: em Portugal, uma medida especulativa seria o Estado intervir no mercado de venda de combustíveis...


maio 04, 2004


Capitalista IV


No Público, a última "causa" do Bloco de Esquerda (meus destaques e links):
"O primeiro-ministro, José Manuel Durão Barroso, rejeitou de forma veemente e indignada as acusações que lhe foram feitas, durante o debate na Assembleia da República, pelo deputado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, de que houve favorecimento do Governo [via CGD] ao grupo norte-americano Carlyle, no âmbito da privatização de capital da Galp.

[Francisco Louçã] insistiu na ideia de que a Caixa Geral de Depósitos é um banco do Estado pelo que não tem «autonomia» para avançar como uma operação deste porte sem a autorização do Governo. Louçã concluiu que «o Governo tem de ser isento em matéria desta importância»."

Segundo o Liberdade-de-Expressão, o próximo passo lógico do Dr. Louçã é "exigir a privatização da Caixa Geral de Depósitos". Afinal, Sr. Dr. Francisco Louçã, esta é a forma mais eficaz de "isenção"!


Capitalista III


Via Intermitente, o Brasil deu um importante contributo em defesa da globalização:
"On 26 April Brazil won a preliminary ruling at the World Trade Organisation (WTO) that requires the United States to lower the subsidies it pays farmers to grow cotton.

«The dispute was never really about cotton, but the entire structure of support through the US Farm Act and, by extension, the European Union’s Common Agricultural Policy
[PAC]» says [Kevin] Watkins, [Oxfam’s head of research] who was the principal author of Rigged Rules Double Standards [PDF]."

Para os países mais pobres é difícil competir quando os Estados americano e "europeu" intervêm no mercado. Perdem os produtores dos países subdesenvolvidos mas, também, os consumidores e contribuintes dos países desenvolvidos. Nestes casos, o custo de oportunidade não se restringe à possibilidade de pagarmos menos impostos. Trata-se, sobretudo, da sobrevivência de milhões.

Vital Moreira (VM) foi outro blogger que aplaudiu a decisão da Organização Mundial de Comércio (meu destaque):
"Mesmo quando isso sucede raramente, a vitória dos países pobres sobre os ricos numa questão de elementar justiça é sempre de saudar."

De VM - além das referidas saudações - aguardo, com ansiedade, o post condenatório dos subsídios da PAC...