junho 29, 2003
Fuga das Galinhas
Em qualquer conversa de café, entre amigos com diferentes opiniões, uma discussão de ideias, revela, por vezes, uma mescla de diálogos sobrepostos, próximo do caótico. Assim são as minhas idas à esplanada – hoje não, que choveu. Dois factores mantêm a conversa no bom caminho: A. mais cedo ou mais tarde, impera o respeito pelas opiniões dos outros que nos faz permanecer, por algum tempo, em silêncio (afinal, somos todos amigos) e/ou B. quando vozes se sobrepoêm, a capacidade de identificar, com relativa facilidade, a direccionalidade do som de cada um dos comentários. Poderá ter-se, também, em conta o tempo de reflexão e organização do pensamento – tradução: tempo gasto a beber o resto da cerveja e a pedir outra.
Nos debates televisivos os factores referidos não se aplicam – e muito menos o terceiro (só lhes dão água, nada de cerveja). Por quererem “vencer o debate”, os intervenientes - na maioria das vezes com ideias muito polarizadas - não deixam os seus oponentes expôr opiniões contrárias às suas e, apesar do stereo da minha televisão, quando começam a falar “um por cima do outro”, o nível de percepção desce drasticamente. Semelhante a um galinheiro onde as galinhas concorrem pela atenção do indeciso galo.
É responsabilidade do galo, desculpem, dos jornalistas – através de regras de conduta – mediar as intervenções dos convidados. Trata-se de um debate e não de uma conversa de esplanada – o tempo é escasso e medidas como ligar e desligar os microfones dos infractores, de difícil execução. Deste modo enuncio, a seguir, algumas regras que os profissionais da comunicação social (televisiva) deveriam estabelecer antes de qualquer entrevista/debate:
1. Um debate não é o “Tempo de Antena”. O convidado deve expor a sua opinião de forma resumida – depois de ter visto no ano passado, na SIC Notícias, o debate entre Lula da Silva e José Serra, para a presidência brasileira, penso que dois minutos para cada resposta, é tempo suficiente;
2. O jornalista já tem organizado uma lista de assuntos a discutir. O convidado não deve “desviar” as suas respostas para questões ainda não levantadas – no máximo, pode fazer uma pequena referência à interligação do ponto em debate com outros factores (esperando, depois, pela pergunta para esclarecer tais pontos enumerados);
3. Geralmente, os convidados sabem qual o assunto a ser discutido pelo que podem “adivinhar” o tipo de perguntas que lhes vão fazer. Logo, é possível “ensaiar”, antecipadamente, as respostas, ou seja, fazer os “trabalhos de casa”;
4. As respostas – mesmo que a perguntas iniciadas por um dos oponentes - são dadas aos jornalistas. Eles são, na mesa de debate, os representantes do público. Diálogos não devem ser permitidos –além do conteúdo, deve ter-se, ainda, especial cuidado com a forma da resposta (por exemplo, dizer “o Partido X fez isto e aquilo [dirigindo-se ao jornalista]” em vez de “os senhores fizeram isto e aquilo [dirigindo-se ao convidado do Partido X]”). De forma a evitar diálogos, os jornalistas devem, também, assumir o papel de intermediário (exemplo: “Sr. deputado, o Partido X fez isto e aquilo?”);
5. Os jornalistas devem ser imparciais – a maioria pensa que é mas, em alguns debates, estes parecem falar mais que os convidados. Apesar de terem a sua opinião, o público está interessado em ouvir as opiniões dos convidados e não a dos jornalistas;
6. O jornalista não deve interromper a resposta do convidado com outra pergunta – deve sim, se este estiver a alongar a sua resposta, parar o seu “discurso” (exemplo: “lamento, mas não foi isso que lhe perguntei” ou “o senhor parece estar a ter dificuldades em responder”).
7. Para exigir respostas directas, os jornalistas devem fazer perguntas específicas - exemplo: “Sr. Bettencourt Picanço, a proposta do Governo vai aumentar a produtividade dos funcionários públicos?” em vez de “Sr. Bettencourt Picanço, o que pensa o sindicato que representa da proposta do Governo?”.
São 7 simples regras.... que nunca são cumpridas. Forçar o seu cumprimento é a melhor estratégia para captar mais audiências – especialmente para a RTP que está a apostar nos programas de informação.
PS: é lamentável que, no referido debate do programa “Expresso da Meia-Noite”, o pior “cacarejar” tenha vindo da boca do convidado Telmo Correia, líder parlamentar do CDS-PP (a interromper o raciocínio dos outros convidados), e de Ricardo Costa, director da SIC Notícias (através de comentários desnecessários).
junho 26, 2003
A indústria de cinema em Portugal III
Em posts anteriores (29 e 30 de Maio) já comentei que, para captar o maior número de audiências, o papel do produtor deve passar, primeiro, por avaliar e seleccionar o argumento que apresenta maiores probabilidades de sucesso comercial - não sei se Paulo Branco tem as necessárias capacidades para o fazer (usará ele o termo Marketing?).
Ora, o guião de “Debaixo da Cama”, escrito pelo crítico de televisão Eduardo Cintra Torres, é, por exemplo no que respeita ao desenvolvimento dos personagens, muito pobre: os papéis secundários têm tão pouca presença que podem ser interpretados por figurantes - lembro-me, entre outros, da actriz que faz o papel de filha do político cuja experiência profissional inclui, acho eu, umas telenovelas (não sei o nome dela porque sou novela-inculto: não quero que o nó no estômago seja permanente).
É função do produtor – mas também do realizador - encontrar os pontos fracos da história e exigir melhorias ao argumentista.
O produtor, além de ser o responsável máximo pela organização de um projecto cinematográfico, também deve ser, junto dos denominados “artistas” (actores, realizador, director de fotografia, etc), o “advogado do diabo” – neste caso o que zela pelos interesses do público.
Como co-produtora do filme - que iria ser transmitido em horário nobre - a RTP tem responsabilidades acrescidas dado que esta deveria ter presente a necessidade de cativar o maior número de portugueses.
PS: para um país em que a publicidade ao tabaco é proibida, é curioso ver a RTP, dito de serviço público, a financiar filmes em que os personagens não conseguem falar sem o pauzinho na boca (não deve ser interpretado com segundas intenções – este blog não é O Meu Pipi!!!). Aliás, passam mais tempo a fumar do que a falar.
junho 24, 2003
Reengenharia do Estado antes da avaliação dos funcionários públicos
Considerando a amplitude da Adminstração Pública facilmente se verifica que os objectivos a definir – mesmo dentro de cada ministério – devem ser diferenciados em função da actividade exercida. Como exemplo, no Ministério da Educação, um professor não pode ser avaliado de forma idêntica a um funcionário administrativo (não docente).
Quanto à avaliação dos professores, David Justino, ministro da Educação tem algum avanço em relação a outros ministérios: a classificação das escolas, por disciplina, poderá servir para avaliar os profissionais que as leccionam.
Porque o sucesso escolar depende de um ensino de qualidade contínuo, é injusto avaliar um professor apenas nos resultados académicos de determinado ano. Assim, é necessário que existam mecanismos estatísticos que, no ínicio do ano lectivo, definam objectivos baseados no historial curricular dos alunos de cada disciplina. A eficiência de cada professor será medida nos resultados obtidos, pelos alunos, nos exames finais.
Alguns factores externos – como os alunos recorrerem a explicadores – terão de ser equacionados na fórmula de cálculo.
Para os professores, a definição de objectivos é relativamente fácil mas em outras profissões, devido à complexidade de tarefas, primeiro, será necessário reformular os actuais processos de trabalho e só depois desenvolver métodos de quantificação de performance de cada funcionário – é que, por exemplo, determinado funcionário público pode ter baixa performance não por “preguiça” mas porque outros departamentos, por má organização, não conseguirem despachar, atempadamente, a documentação necessária ao trabalho deste.
Os ministros, antes da implementação da reforma anunciada, devem reorganizar os seus ministérios – a famosa burocracia do Estado - para que a ambicionada eficiência da Adminstração Pública dependa exclusivamente da produtividade dos seus funcionários – que seria remunerada segundo métodos de avaliação imparciais(?).
junho 19, 2003
Posicionamento da blogosfera portuguesa
Quando selecciono um link do menu de Favorites/Blogs gosto de saber, com antecedência, que tipo de posts vou encontrar. É uma forma de organização a que estamos habituados no nosso dia-a-dia: publicações especializadas e artigos divididos por secções nas publicações generalistas (tanto em formato papel como digital).
Cada blogger, como qualquer ser humano, tem uma opinião sobre inúmeros assuntos. A grande maioria exprime essa variedade de opiniões nos seus blogs o que - caso esteja à procura algo específico - torna a consulta destes um pouco caótica e ineficaz. Mas existem uns poucos bloggers que, pelas suas qualidades literárias, conseguem obter algum “estatuto social” que os diferencia dos restantes. São exemplos José Pacheco Pereira (Abrupto) e Pedro Mexia (Dicionário do Diabo e ex-Coluna Infame).
Uma pequena minoria consegue restringir os seus posts a um só tema - maior eficácia em captar a atenção de leitores com falta de tempo. Um excelente exemplo é o Vítima da Crise, diário de um desempregado (espero, contudo, que ele consiga, brevemente, passar a denominar-se ”diário de um empregado”).
O sucesso da blogesfera portuguesa depende, na minha opinião, das seguintes estratégias:
1. Blogs de referência - como o blogo, blogs em .pt, bloco-notas, posto de escuta, etc - que apresentem links para determinados posts de bloggers segundo critérios idênticos às secções da comunicação social escrita (Política, Sociedade, Economia, Desporto, Humor, etc) - para abranger toda a blogesfera portuguesa serão necessários contribuintes com tempo para navegar e facilidade em “catalogar” posts;
2. Blogs generalistas cujos posts continuem, pela sua qualidade, a apresentar opiniões sobre variados assuntos (e, complementarmente, a fornecerem links a blogs e artigos de interesse) - como o Abrupto, Conversas de Café, País Relativo, Dicionário do Diabo, Jaquinzinhos, O Intermitente, etc;
3. Blogs especializados em determinado tema - como o De Direita, De Esquerda, Blog de Esquerda, Liberdade de Expressão (Política); Vítima da Crise, Venda-se, Direito & Economia (Economia); O Projecto (Arquitectura); gildot, mac (Tecnologia); Terceiro Anel, Bola Verde, Caderneta da Bola (Futebol); Blogue dos Marretas, Desactualizado e Desinteressante, Gato Fedorento, O Meu Pipi (Humor); etc.
Nota final: este blog tenta posicionar-se na terceira estratégia citada: no meu caso Gestão e Marketing - já por si só conceitos que podem ser aplicados a uma grande variedade de assuntos.
junho 17, 2003
Capital do Móvel I
“O cartão de visita de Paços de Ferreira é a "Capital do Móvel", uma marca que particulariza o Concelho e encima o progresso local que, mais de que um epíteto, é uma declaração de cidadania económica com impacto e repercussões em todos os domínios de actividade.”
A notoriedade da “marca” a nível nacional deve-se, principalmente, ao patrocínio do clube de futebol do concelho. Contudo, as empresas da região não seguiram a iniciativa estratégica da câmara municipal: não existem, em Paços de Ferreira, marcas de mobiliário conhecidas.
A incapacidade dos gestores em criarem marcas fortes (insuficiente formação na área de marketing?) poderá levar a que o esforço financeiro da câmara não consiga evitar, mais cedo ou mais tarde, a falência destas.
Existem regiões que, outrora, pelo número de empresas do mesmo sector de actividade aí instaladas, poderiam ter sido consideradas “capitais” – um exemplo é o Vale do Ave que algumas décadas atrás ter-se-ia designado por “Capital do Têxtil”.
As empresas do sector vidreiro, instaladas na região da Marinha Grande (“Capital do Vidro”?), já sentiram na pele as dificuldades de se centrarem em uma estratégia de produção – há sempre outra empresa, nacional ou estrangeira, que consegue fazer o mesmo por um preço mais baixo.
Para conseguirem aumentar a rentabilidade dos seus produtos, 19 empresas associaram-se para criar a marca MGlass – os recursos necessários ao desenvolvimento de uma marca forte eram demasiado onerosos para uma só empresa financiar. A aposta em designers conceituados potencia a notoriedade da marca diferenciando, junto dos consumidores, os produtos MGlass em relação aos da concorrência.
Em Paços de Ferreira a câmara municipal e a Associação Empresarial desenvolveram algumas iniciativas destinadas à promoção das empresas da região: a Mobilis (Bienal Internacional de Design) e a Feira do Móvel (esta última tem quase duas décadas de história – desde 1984).
Infelizmente, as empresas mobiliárias ainda continuam a apostar no processo produtivo, deixando a promoção dos seus produtos para eventos anuais com a duração de uma quinzena.
Lê-se na mensagem do presidente da câmara:
“ Ser o mais importante centro produção e comércio de móveis de Portugal, faz com que olhemos para a região com a responsabilidade de quem sabe que outros dependem da nossa capacidade, hoje, como no passado, quando as grandes industrias do concelho funcionavam como verdadeiras escolas de formação profissional, preparando os mestres que suportaram o desenvolvimento sustentado das industrias do concelho e das freguesias dos concelhos vizinhos.”
Mas, sem o compromisso das empresas em desenvolverem estratégias de marketing destinadas à criação de marcas fortes, pouco mais poderá a Câmara fazer. Contudo, esta tem de, agora que o termo “capital do móvel” apresenta elevados níveis de reconhecimento, equacionar a validade estratégica de continuar a patrocinar o clube de futebol de Paços de Ferreira – por mais impopular que seja a medida. Talvez os milhares de euros do patrocínio possam ser mais eficazes se investidos na formação dos gestores da região...
junho 10, 2003
Finanças ponto pt
Mas, em vez de reformas que efectivamente reduzam os custos da Administração Pública a longo prazo, o governo apenas tem implementado “vendas de garagem”. Para dar o exemplo aos restantes ministérios a ministra deve começar pela sua tutela.
Um possível caminho foi sugerido pelo presidente da Câmara de Técnicos Oficiais de Contas (CTOC), António Domingues de Azevedo, que, em entrevista ao Diário de Notícias (publicada na edição de 8 de Abril de 2002) afirmou que
“a desmaterialização das declarações fiscais, ou seja, o envio para as Repartições de Finanças das declarações de rendimentos através da internet representará para os cofres do Estado uma poupança de 250 milhões de euros (...) e libertará uma quantidade significativa de profissionais que, neste momento, nos seus diversos serviços, têm como missão a recepção e tratamento das declarações de rendimento, os quais poderão ser depois canalizados para as inspecções dos contribuintes”.
O lançamento, no final do ano, do Portal do Cidadão é um importante incentivo ao uso da internet como forma de comunicação com o Estado – e não só em relação às declarações de IRS – mas a percentagem de portugueses com acesso à internet, quando comparada com outros países europeus, ainda é reduzida.
Deixo, assim, a sugestão do Ministério das Finanças estabelecer acordos de intermediação com os inúmeros “gabinetes de contabilidade” existentes em todo o país. Assim as declarações de impostos seriam enviadas, via internet, por estas entidades.
Esta seria não só uma opção mais abrangente como, também, mais eficaz: segundo o artigo 5° do código deontológico da CTOC, qualquer técnico oficial de contas é responsável pela veracidade da documentação por si elaborada.
Neste caso, todas as declarações de rendimentos, transmitidas via internet pelos referidos profissionais, seriam “pré-fiscalizadas” o que, para as Repartições de Finanças, representaria um maior nível de confiança nos valores apresentados – o que poderia traduzir-se em um benefício fiscal ao contribuinte que optasse por este serviço.
Para os contribuintes, esta opção poderia significar - sem esquecer a poupança de tempo gasto nas longas filas de espera - maior rapidez do processamento do reembolso (se a ele tivessem direito), benefícios fiscais e, acima de tudo, melhor aconselhamento fiscal.
Deste modo, não só se fomenta a justiça fiscal (menores fraudes) como também, e em consequência do mesmo, um acréscimo das receitas de impostos.
junho 09, 2003
Pastéis de Nata, SA
Aproveitando o crescente interesse dos ingleses, o proprietário expandiu o negócio para outros bairros de Londres com a abertura de novas pastelarias e, através da sua fábrica de bolos, com o abastecimento a “várias pastelarias e casas de chá londrinas”.
Mas – alguns perguntam – fornecer à concorrência os bolos que dão notoriedade à pastelaria Lisboa é boa estratégia?
Segundo o artigo a capacidade da loja está esgotada (poucos lugares) mas não a capacidade de produção da sua fábrica. Deste modo, vender os bolos à concorrência evita a entrada no mercado de outro fornecedor, mantém os níveis de produção na capacidade máxima e financia a expansão da marca “Lisboa Patisserie”.
Tal como em Londres, na zona de Lisboa existem duas pastelarias cujos produtos são muito apreciados por portugueses e estrangeiros: a “Pastéis de Belém” (Belém) e a “Piriquita” (Sintra). A primeira é conhecida pelos seus pastéis de nata e a segunda pelos travesseiros.
Contudo, não obstante a notoriedade das marcas, as suas estratégias de expansão são algo questionáveis.
Na Pastéis de Belém, apesar de parecer que o negócio não tem mudado desde a sua inauguração no séc. XIX (1837?), nota-se, cada vez mais, a opção dos clientes pela compra ao balcão em detrimento do consumo à mesa – provavelmente devido à velha decoração e ao necessário restauro dos seus históricos azulejos.
Na Piriquita, a estratégia de expansão passou pela abertura de uma segunda pastelaria (a “Piriquida dois”, localizada a uns vinte metros de distância da original) e pela venda dos famosos travesseiros a estabelecimentos da zona de Lisboa.
A resistência à implementação de estratégias de crescimento deve-se, essencialmente, à tentativa de manter o segredo de preparação dos bolos que lhes deram fama. Para a Pastéis de Belém isso até parece um pouco contraditório uma vez que o pastel de nata é vendido em todas as pastelarias do país – e até em Londres...
Se os responsáveis pela Coca-Cola tivessem agido de forma semelhante, hoje em dia, a marca não seria a mais reconhecível em todo o mundo.
Penso que, salvarguardando o segredo da fórmula dos produtos, existem claras vantagens em assumir uma estratégia expansionista através de financiamento próprio ou em regime de franchising – começando por Lisboa. Por exemplo, a Piriquita, devido aos congestionados acessos à vila de Sintra, poderia ter um volume de vendas substancialmente maior se tivesse uma loja no centro de Lisboa.
junho 07, 2003
Algarve Futebol Clube
A I Liga do campeonato de futebol português não terá a jogar, na próxima época (2003/2004), qualquer equipa sediada a sul do rio Tejo - na presente época o campeonato "acabava em Setúbal" (equipa que desceu de divisão).
Na II Liga o Portimonense falhou a subida (5°) e o Farense evitou a descida (11°). Louletano e Olhanense, classificaram-se, respectivamente, em 3° e 10° na II Divisão B/Zona Sul (só o 1° sobe de divisão).
Juntar os recursos destes 4 clubes seria a estratégia que, à semelhança da Madeira, pode produzir uma equipa capaz de competir pelos lugares de acesso às competições europeias. Uma grande equipa capta, ainda, a atenção de mais adeptos - de todo o Algarve e, possivelmente, Baixo Alentejo. A actividade económica do Algarve, tal como a referida ilha, baseia-se, quase exclusivamente, no Turismo pelo que a maior notoriedade, a nível internacional, de uma equipa algarvia é uma óptima forma de divulgação.
Outro importante incentivo à fusão é a construção do novo estádio entre Faro e Loulé, a propósito do Euro 2004, dado que os clubes, sozinhos, não conseguirem - mesmo na I Liga - cativar suficiente número de adeptos para atingir a lotação máxima deste (cerca de 30 mil lugares). Ainda, a Via do Infante, como importante elo de ligação de toda a região do Algarve - de Lagos a Vila Real de Sto. António -, possibilitará, a todos os algarvios, melhor acesso aos jogos no referido estádio.
As receitas da venda dos estádios de cada clube (dentro ou na proximidade das suas cidades) seria fonte de financiamento suficiente para sanear as contas dos mesmos. Agora só falta saber a resposta a uma importante questão: há adeptos interessados?
junho 05, 2003
A mais valia do Cappuccino
- na preparação, a forma como se junta o leite ao café: em espuma para o cappuccino e simples para o "meia de leite";
- no preço: o cappuccino tende a ser - nos locais onde ambos são vendidos - 15% a 40% mais caro que o "meia de leite".
O tempo de preparação da espuma de leite (alguns segundos mais) não justifica a diferença de preços. O "prémio" que se paga justifica-se, principalmente, pela aparência (estética) e notoriedade internacional do termo - pode dizer-se que o cappuccino tem uma imagem de marca muito forte.
Em Portugal, infelizmente, o seu potencial de lucro - maior margem - não está a ser bem explorado. Ao definirmos o Turismo como uma das principais actividades económicas do país, temos de saber aproveitar todas as oportunidades de cobrar, ao turistas, mais euros pelos nossos produtos - neste caso, pelo nosso leite e café.
Qualquer bar, snack-bar, restaurante, hotel, pensão, residencial, etc, localizado numa área turística deve, obrigatoriamente, saber preparar e ter disponível o referido cappuccino - para os turista até é mais fácil de o pedir: não há barreiras linguísticas.
E, tendo em conta que estamos a cerca de 1 ano do Euro 2004, está na hora de todos os estabelecimentos de restauração começarem a praticar...
junho 04, 2003
Madeira Futebol Clube
Alguns anos atrás (1997) Alberto João Jardim, Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira, sugeriu a fusão destas numa só. Os sócios do Marítimo logo reclamaram a sua independência (ler final do artigo) e nunca mais se falou do assunto.
Contudo, a sugestão de João Jardim - apesar de ter parecido uma imposição deste aos clubes - é a melhor estratégia para a Madeira ter uma equipa de futebol capaz de competir pelo primeiro lugar do campeonato – de forma simplista, se somarmos os pontos dos melhores jogos do Marítimo e do Nacional, contra cada uma das outras equipas, obtemos a pontuação de um terceiro lugar (64) que daria acesso à taça UEFA.
A fusão obteria benefícios imediatos como:
- concentração das receitas dos sócios;
- aumento da lotação do estádio durante os jogos (todos os que antes iam ver, separadamente, os jogos dos seus clubes),
- redução de custos em transportes aéreos;
- redução de custos de manutenção dos estádios (um estádio seria suficiente).
Uma equipa mais competitiva também capta mais atenção:
- de patrocinadores (pagariam mais pela publicidade nas camisolas e no estádio);
- de adeptos (mais merchandising vendido – camisolas, bolas, etc)
- de turistas (em função da exposição mediática obtida se começar a participar, regularmente, em competições internacionais).
Como base de apoio ao desenvolvimento de uma nova equipa poder-se-iam, ainda, implementar as seguintes infraestruturas:
- um novo estádio (financiado pela venda dos terrenos dos outros estádios e o aumento dos lucros operacionais – mais receitas e menos custos);
- equipa B a jogar na II Liga (onde jogariam os jovens talentos);
- centro de estágios (a ser usado também por equipas estrangeiras – não haveria falta de hotéis para as acolher em época baixa).
Finalmente, há que ter em conta os sócios de cada clube. Apaziguar quaisquer rivalidades é uma tarefa que cabe a Alberto João Jardim enfrentar com imparcialidade e transparência – ser o mediador e não o decisor. É necessário que o passado dos clubes seja respeitado mas, acima de tudo, é vital que todos acreditem que a unificação dos clubes é o melhor para o futuro do futebol madeirense (ser campeão?).
Com esse intuito deixo uma sugestão final: o novo clube deverá ter côres e nome diferentes dos actuais – porque não “Madeira Futebol Clube”????
junho 03, 2003
Políticos mas não gestores
Mas, se fossem uma multinacional, o Senhor ministro não estaria, agora, a queixar-se e encontraria as medidas correctas para reduzir os custos do seu Ministério.
É que, nas multinacionais, existem pessoas competentes vulgarmente designadas por gestores - e, se esses gestores não cumprem os objectivos dos accionistas, as suas carreiras não duram muito tempo.
Como o governo actual - o "accionista" do MNE - tem afirmado que é necessário adoptar, na Administração Pública, práticas de gestão privada o Sr. ministro terá de falar menos e fazer mais - o que, em termos de Política, é um paradoxo...
Standardização do "euro português"
Uma das maiores inovações da internet é o facto de podermos, com a rapidez de um click do rato, consultar informação para além de quaisquer limites geográficos. Deste modo, é sempre confuso quando, depois de lermos um artigo, por exemplo na revista "Economist", onde se referem montantes usando o termo "biliões de euros" a nossa comunicação social - e governantes - apresentam os mesmos números de forma diferente: "milhares de milhões". Eu sou português e vivo em Portugal pelo que sei, apesar da confusão, do que eles estão a falar. Mas será que qualquer outra pessoa, de qualquer outro país, consegue fazer o mesmo raciocínio? Já a algum tempo que o "orgulhosamente sós" não é uma expressão que... nos orgulha.
Assim, neste blog, qualquer referência a montantes designados em euros segue, em ordem crescente de grandeza, a seguinte terminologia: euros, milhões de euros, biliões de euros, triliões de euros (não sei o que vem a seguir mas tenho inveja de quem tem tal quantia...)