setembro 29, 2004
A Brincar, a Brincar
Quem regularmente passa por este blog(?) sabe que não tenho em grande consideração a credibilidade da maioria dos órgãos de comunicação social - principalmente as televisões. Penso que essa é uma das razões por ter aderido à blogosfera: acesso a informação.
No entanto, nunca deixei de utilizar a "caixinha mágica". Todos os dias, logo a seguir ao telejornal, gosto ver, na SIC Radical, o "Daily Show with Jon Stewart". Trata-se de um excelente programa de sátira política (americana, claro!).
Agora, via LRC, descobri que, segundo um estudo da Universidade de Pennsylvania (ficheiro PDF - 205 KB), os espectadores do referido programa são os melhor informados sobre a eleição presidencial americana (meu destaque):
Pena que o Contra-Informação não tenha a mesma qualidade do "Daily Show"...
No entanto, nunca deixei de utilizar a "caixinha mágica". Todos os dias, logo a seguir ao telejornal, gosto ver, na SIC Radical, o "Daily Show with Jon Stewart". Trata-se de um excelente programa de sátira política (americana, claro!).
Agora, via LRC, descobri que, segundo um estudo da Universidade de Pennsylvania (ficheiro PDF - 205 KB), os espectadores do referido programa são os melhor informados sobre a eleição presidencial americana (meu destaque):
"Daily Show viewers have higher campaign knowledge than national news viewers and newspaper readers - even when education, party identification, following politics, watching cable news, receiving campaign information online, age, and gender are taken into consideration."
Pena que o Contra-Informação não tenha a mesma qualidade do "Daily Show"...
setembro 28, 2004
Recta do Picanço II
Sobre meu anterior post com o supracitado título, convém prestar adicionais esclarecimentos, resultado da discussão no sistema de comentários do Blasfémias.
Via JLP, do Código da Estrada (ficheiro PDF) - meu destaque:
E, o comentário da SMP (meu destaque):
Mas, então porquê acusar o condutor de homicídio voluntário? SMP esclarece (meu destaque):
Os órgãos de comunicação social preferiram focar a atenção no facto do condutor não ter carta de condução. Felizmente, na blogosfera, podemos obter informação mais detalhada!
Via JLP, do Código da Estrada (ficheiro PDF) - meu destaque:
Artigo 2º - âmbito de aplicação
1 - O disposto no presente Código é aplicável ao trânsito nas vias do domínio público do Estado, das Regiões Autónomas e das Autarquias Locais.
2 - O disposto no presente diploma é também aplicável nas vias do domínio privado, quando abertas ao trânsito público, em tudo o que não estiver especialmente regulado por acordo celebrado com os respectivos proprietários.
E, o comentário da SMP (meu destaque):
"A prática de um homicídio implica apenas o preenchimento da previsão do artigo respectivo do Código Penal, não dependendo da violação de qualquer outra norma. Ainda quando a morte da vítima ocorra através da utilização, pelo agente, de um veículo automóvel, não é necessário, para existir crime, que tenham sido violadas as regras de trânsito."
Mas, então porquê acusar o condutor de homicídio voluntário? SMP esclarece (meu destaque):
"O artigo 131º do Código Penal trata do homicídio. Mas, porque se trata de um daqueles tipos de crime, excepção no nosso direito (de acordo com o artigo 13º), em que se admite a comissão por negligência, o artigo 137º vem abordar essa hipótese, configurando moldura penal diferente da que é válida para o homicídio doloso.
De facto, o Código Penal português não escolheu a dicotomia homicídios voluntários/homicídios involuntários, como se fez noutros países. A esquematização é ligeiramente diferente embora, obviamente, faça toda a diferença que o agente tivesse ou não intenção de tirar a vida àquela pessoa. Essa diferenciação releva ao nível da culpa."
Os órgãos de comunicação social preferiram focar a atenção no facto do condutor não ter carta de condução. Felizmente, na blogosfera, podemos obter informação mais detalhada!
setembro 27, 2004
Recta do Picanço
Nas últimas 24 horas, as televisões (principalmente a SIC) têm focado grande atenção "noticiosa" no alegado caso negligência de um condutor de 22 anos, durante uma "corrida ilegal de automóveis" em Palmela - ele nem sequer tinha carta de condução. Morreram três pessoas. O condutor, Neutel Mendes, é acusado de homicídio voluntário.
No entanto, recordo a todos que, uma década atrás, no dia da fatídica morte de Ayrton Senna, Pedro Lamy teve um acidente no Grande Prémio de San Marino do qual resultou o ferimento de quatro espectadores. Pedro Lamy não foi acusado de qualquer crime!
Os acidentes de Pedro Lamy e de Neutel Mendes têm um factor em comum: ambos ocorreram em propriedade privada. Notícia da SIC (meu destaque):
As regras de trânsito não se aplicam a propriedades privadas. Os espectadores da referida corrida não eram normais transeuntes. Eram espectadores que aí se deslocaram voluntariamente para ver as "corridas de automóveis".
No entanto, recordo a todos que, uma década atrás, no dia da fatídica morte de Ayrton Senna, Pedro Lamy teve um acidente no Grande Prémio de San Marino do qual resultou o ferimento de quatro espectadores. Pedro Lamy não foi acusado de qualquer crime!
Os acidentes de Pedro Lamy e de Neutel Mendes têm um factor em comum: ambos ocorreram em propriedade privada. Notícia da SIC (meu destaque):
"Neutel Mendes despistou-se, por razões ainda desconhecidas, quando participava numa corrida ilegal de automóveis transformados ("tuning") na via conhecida como «recta do picanço», uma estrada particular na zona da Makro de Palmela (paralela à auto-estrada do Sul), mas que está aberta ao público. "
As regras de trânsito não se aplicam a propriedades privadas. Os espectadores da referida corrida não eram normais transeuntes. Eram espectadores que aí se deslocaram voluntariamente para ver as "corridas de automóveis".
setembro 24, 2004
Lições de História
Quando li o seguinte texto no LewRockwell.com...
...lembrei-me imediatamente das palavras de Américo Duarte, deputado da UDP em 1975 (o partido é, hoje, membro do Bloco de Esquerda), citadas no Jaquinzinhos cinco meses atrás, aqui e aqui (destaques do autor):
Campo Pequeno? Nos comentários ao post, jcd explica:
Ainda, via jcd, num artigo da edição de 17 de Abril de 1999 do semanário Expresso explica-se como nasceu esta forma intimidatória da liberdade de expressão (destaques do jornal):
Antes da Revolução de Abril o nosso Fort Lafayette foi a prisão de Caxias. Durante os primeiros anos da "Revolução", passou a ser o Campo Pequeno (apesar de ninguém ter sido fuzilado). A História repete-se!!!
"«When an editor of a newspaper wished to attack a Peace man [i.e., a critic of the Lincoln administration] he would suggest him as a candidate for Fort Lafayette. When a Union man heard a Peace speech, he knew it was not necessary to interfere. He would simply pass by with the remark that the speaker had better watch out or he would end up in Fort Lafayette.» That, presumably, would intimidate the peace advocate sufficiently to shut him up for good."
...lembrei-me imediatamente das palavras de Américo Duarte, deputado da UDP em 1975 (o partido é, hoje, membro do Bloco de Esquerda), citadas no Jaquinzinhos cinco meses atrás, aqui e aqui (destaques do autor):
"Américo Duarte: «...Fascistas! Vocês caberão todos no Campo Pequeno.»
[...]
Américo Duarte abandona a Sala e de caminho grita para Galvão de Melo: «Hás-de ir parar ao Campo Pequeno!»
Campo Pequeno? Nos comentários ao post, jcd explica:
"A referência ao Campo Pequeno não tem a ver com os touros. Na altura, algum revolucionário mais excitado, terá sugerido que os fascistas fossem todos levados para o Campo Pequeno e fuzilados. (...) A partir daí, sempre que alguém se referia ao Campo Pequeno, referia-se a 'justiça revolucionária'."
Ainda, via jcd, num artigo da edição de 17 de Abril de 1999 do semanário Expresso explica-se como nasceu esta forma intimidatória da liberdade de expressão (destaques do jornal):
"Em Junho [de 1975], no rescaldo de um jantar com oficiais do governo militar de Lisboa no Mercado do Povo, [Otelo Saraiva de Carvalho] profere, aos microfones da Rádio Renascença, a propósito dos assaltos da extrema-direita às sedes dos partidos de esquerda, a «frase assassina»: «Oxalá não tenhamos que meter os fascistas no Campo Pequeno...» Voltará ao tema no regresso de Cuba, em Julho, quando no aeroporto de Lisboa um jornalista - eu próprio, então redactor d'«O Século» - se interessa por saber se ainda mantém a ideia. A resposta é categórica: «Eu disse: 'Oxalá não tenhamos que meter...' E agora digo: 'Metemos de certeza...'»"
Antes da Revolução de Abril o nosso Fort Lafayette foi a prisão de Caxias. Durante os primeiros anos da "Revolução", passou a ser o Campo Pequeno (apesar de ninguém ter sido fuzilado). A História repete-se!!!
Especulação Imobiliária
Na passada quarta-feira (22 de Setembro), numa reportagem da SIC, em Lisboa, sobre a mudança do terminal de autocarros do Arco do Cego para Sete Rios (consequência de inúmeras queixas de moradores do Arco do Cego), o jornalista finaliza - mais ou menos - com a seguinte frase:
No entanto, gostaria de citar parte de um post de João Miranda, co-autor do Blasfémias, sobre a possibilidade de construção de um jardim público no local da refinaria de Leça (meu destaque):
Qual o pior "especulador imobiliário"? O que tenta rentabilizar a sua propriedade vendendo-a ao melhor preço ou o que valoriza a sua através da pressão política exercida sobre as opções de venda da propriedade de outros?
"Com a construção de um jardim acabam, assim, os receios de especulação imobiliária no Arco do Cego"
No entanto, gostaria de citar parte de um post de João Miranda, co-autor do Blasfémias, sobre a possibilidade de construção de um jardim público no local da refinaria de Leça (meu destaque):
"[U]m Jardim Público é o jackpot dos especuladores. De um dia para o outro os apartamentos deixariam de estar num local perigoso e passariam a estar ao lado de um aprazível jardim público."
Qual o pior "especulador imobiliário"? O que tenta rentabilizar a sua propriedade vendendo-a ao melhor preço ou o que valoriza a sua através da pressão política exercida sobre as opções de venda da propriedade de outros?
setembro 22, 2004
Propriedade Privada
No "Baixa do Porto", TAF e Cristina Santos tiveram o trabalho de ler - e comentar - um meu anterior post. Os meus agradecimentos e sinceras desculpas por só agora responder.
No post de TAF confirmo, desde logo, uma contradição de opiniões (meus destaques):
Primeiro, talvez o TAF não tenha percebido que, ao usar o termo "Estado", estou a referir-me a todas as entidades políticas (de governo central e... local). Segundo, foi precisamente o Estado a causa das "deficiências no funcionamento desse mercado"! E, terceiro, como poderá ser a intervenção do "executivo camarário" uma forma de "deixar o mercado funcionar"?
Quanto à Cãmara Municipal do Porto ser o executor da vontade dos portuenses, lembro ao TAF que a eleição do actual executivo não legitimiza o roubo de propriedade privada. Exemplo: se a maioria da blogosfera considerar a template "Baixa do Porto" inadequada aos seus monitores, terá alguém o direito de confiscar a propriedade de TAF e mudar as côres deste?
Cristina Santos, por outro lado, acusa-me de "falta de ideias" (meu destaque):
Cara Cristina, parece haver alguma confusão da sua parte - talvez, por isso, o título do seu post! Releia, por favor, este meu texto (meu destaque):
E, para complementar a opinião expressa acima, ainda lançei o seguinte repto:
A resposta dos citados autores foi (meus destaques):
Volto a um conceito que parece não merecer o respeito destes autores: propriedade privada!
TAF, "deixar o mercado funcionar"? Se o proprietário não age conforme o caminho definido pelo Estado, então a vontade deste será subjugada via "expropriação" ou "leis de edificação urbana"!!!
Qualquer proprietário de um imóvel tem o direito ao livre usufruto deste e deve poder edificar aí a "tipologia" que melhor sirva os seus interesses - seja a construção de edifício de habitação, escritórios, comércio ou, simplesmente, jardim. Mas, então, o que o impede, por exemplo, de construir um prédio de 100 andares? Resposta: os direitos adquiridos dos proprietários vizinhos.
No post de TAF confirmo, desde logo, uma contradição de opiniões (meus destaques):
"Penso que houve má interpretação pelo menos do que eu escrevi aqui. Tenho várias vezes defendido a necessidade de deixar o mercado funcionar. O Estado só deve intervir para corrigir deficiências no funcionamento desse mercado e como referência orientadora.
Isso não impede que o executivo camarário, legitimamente eleito pelos portuenses como seu representante, actue no sentido que ele, executivo, considere «adequado». Não se trata portanto de ser eu ou qualquer outra pessoa a definir o que deve ser feito na casa de cada um. Trata-se de exigir que a Câmara Municipal cumpra o seu papel de gerir o que deve gerir na cidade."
Primeiro, talvez o TAF não tenha percebido que, ao usar o termo "Estado", estou a referir-me a todas as entidades políticas (de governo central e... local). Segundo, foi precisamente o Estado a causa das "deficiências no funcionamento desse mercado"! E, terceiro, como poderá ser a intervenção do "executivo camarário" uma forma de "deixar o mercado funcionar"?
Quanto à Cãmara Municipal do Porto ser o executor da vontade dos portuenses, lembro ao TAF que a eleição do actual executivo não legitimiza o roubo de propriedade privada. Exemplo: se a maioria da blogosfera considerar a template "Baixa do Porto" inadequada aos seus monitores, terá alguém o direito de confiscar a propriedade de TAF e mudar as côres deste?
Cristina Santos, por outro lado, acusa-me de "falta de ideias" (meu destaque):
"[E]m primeiro lugar no teor do seu livre comentário, este Cidadão embora refira «N» participações, esqueceu, talvez por lapso, de indicar ele próprio qual o caminho que julga adequado para a reabilitação da baixa, pelo que se torna difícil a contestação ou concordância com a manifesta falta de ideias."
Cara Cristina, parece haver alguma confusão da sua parte - talvez, por isso, o título do seu post! Releia, por favor, este meu texto (meu destaque):
"E, que tal deixar a decisão com os verdadeiros proprietários??? Se, por exemplo, não tenho qualquer direito sobre qual deve ser a côr das paredes da casa do TAF porque, então, têm outros o direito de definir o destino duma propriedade privada que não lhes pertence?"
E, para complementar a opinião expressa acima, ainda lançei o seguinte repto:
"Quem pensa ter a melhor solução para o futuro do centro histórico do Porto só tem uma opção éticamente correcta: a compra dos edíficios em questão!"
A resposta dos citados autores foi (meus destaques):
[TAF:]"Quanto à «opção eticamente correcta» de adquirir os edifícios: o que a SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana] vai poder fazer é precisamente expropriar quando não chegar a acordo com os proprietários! Tudo bem, portanto. ;-)
[Cristina Santos:] Quando se argumentam tipologias, estas enquadram-se numa ordem de mercado face às leis de edificação urbana, PDM [Plano Director Municipal], e questões da ordem urbana em geral.
(...)
a opinião de todos meu caro, a discussão ponto por ponto, interesse por interesse, devendo sempre vingar o interesse publico."
Volto a um conceito que parece não merecer o respeito destes autores: propriedade privada!
TAF, "deixar o mercado funcionar"? Se o proprietário não age conforme o caminho definido pelo Estado, então a vontade deste será subjugada via "expropriação" ou "leis de edificação urbana"!!!
Qualquer proprietário de um imóvel tem o direito ao livre usufruto deste e deve poder edificar aí a "tipologia" que melhor sirva os seus interesses - seja a construção de edifício de habitação, escritórios, comércio ou, simplesmente, jardim. Mas, então, o que o impede, por exemplo, de construir um prédio de 100 andares? Resposta: os direitos adquiridos dos proprietários vizinhos.
setembro 21, 2004
38 + ? = 100
Via Jaquinzinhos, uma opinião, no Público, de uma pessoa supostamente informada (meu destaque):
Elucidativo o seguinte comentário do jcd (destaque do autor):
O Estado não é uma entidade abstrata - este só existe porque confisca riqueza aos seus cidadãos. Esquecer esta parte da "equação" é, simplesmente, ignorância. Será o Sr. Manuel Delgado mais uma prova do insucesso do sistema público de ensino?
"Manuel Delgado [presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares] nota ainda que, apesar de a percentagem do Produto Interno Bruto nacional dedicado ao sector [da saúde] (nove por cento) ultrapassar a média dos países da OCDE, os portugueses são «os que mais pagam do seu bolso para as despesas da saúde, cerca de 38 cento do total dos gastos»."
Elucidativo o seguinte comentário do jcd (destaque do autor):
"Esta mania dos almoços grátis nunca mais acaba. Os portugueses não pagam 38% dos custos da saúde: pagam 100%.(...) E pagam esses 100% da parte que sai do bolso, directa e indirectamente, e da parte que nem sequer chega a entrar."
O Estado não é uma entidade abstrata - este só existe porque confisca riqueza aos seus cidadãos. Esquecer esta parte da "equação" é, simplesmente, ignorância. Será o Sr. Manuel Delgado mais uma prova do insucesso do sistema público de ensino?
setembro 16, 2004
Aula de Jornalismo
Via Blasfémias, confirma-se que os jornalistas do Público... não lêm o Público!
No Público, um artigo de jornalista não identificado (meu destaque):
Mas, no mesmo jornal, no artigo de opinião de José Pacheco Pereira (JPP), autor do Abrupto (meus destaques e links):
Para quem quer ter acesso a toda a informação deve consultar os blogues citados por JPP!
No Público, um artigo de jornalista não identificado (meu destaque):
"Na semana passada, a CBS deu a conhecer documentos datados do início dos anos 70, onde parecia provado que Bush beneficiara de apoios para entrar na Guarda Nacional do Texas e assim evitar ser enviado para o Vietname.
(...)
Mas uma análise detalhada feita pelo diário «Washington Post» parece provar que estes foram redigidos com a ajuda de um programa de tratamento de texto moderno, e não por uma máquina de escrever como as utilizadas pela Guarda Nacional naquela época."
Mas, no mesmo jornal, no artigo de opinião de José Pacheco Pereira (JPP), autor do Abrupto (meus destaques e links):
"Nenhuma análise hoje do estado da comunicação social em qualquer país onde existe um sistema mediático - jornais, rádios, televisões - pode ser feita sem incluir os blogues. Veja-se o recente caso americano: dois blogues (Power Line e Little Green Footballs) contestaram a autenticidade dos documentos sobre o serviço militar de George Bush, que o prestigiado Dan Rather tinha divulgado no influente programa 60 Minutos da poderosa CBS.
(...)
Outros blogues refutaram que houvesse falsificações e a CBS disse que tinha feito analisar os documentos por vários grafólogos. Foi só uma questão de tempo até que o assunto chegasse à grande imprensa, ao «Washington Post», que tem outros meios de investigação, e as dúvidas sobre a autenticidade cresceram.
(...)
Os jornalistas, principalmente da imprensa escrita, vão hoje buscar imensa coisa aos blogues, umas vezes citam, outras não, e os leitores dos jornais desconhecem a importância dessa contribuição."
Para quem quer ter acesso a toda a informação deve consultar os blogues citados por JPP!
O Défice
Via Mises Economics Blog, uma notícia sobre o défice real dos EUA: pode chegar aos 72 triliões de dólares (meu destaque):
Em Portugal, alguém já fez semelhantes cálculos?
"Astronomical federal debt, coming due as the Baby Boom generation collects Medicare, Medicaid and Social Security, is enormous enough to swamp the promises both candidates [Bush and Kerry] are making to voters, whether for tax cuts, health care, 40,000 more troops or anything else.
(...)
Traditional budget measures used by politicians and the press give what Walker and many others call a highly misleading view of the U.S. debt. These focus on publicly held debt already incurred, now at $4.5 trillion, or 10-year budget forecasts like the one released last week by the Congressional Budget Office showing a record $422 billion deficit this year and a $2.3 trillion 10- year deficit.
But these figures, worrisome enough, are deceptive because they ignore future liabilities such as Social Security and Medicare payments to the Baby Boomers. An array of government and private analysts put the actual U.S. «fiscal gap,» which means all future receipts minus all future obligations, at $40 trillion (Government Accountability Office) to $72 trillion (Social Security Board of Trustees)."
Em Portugal, alguém já fez semelhantes cálculos?
Dumbed Down
Em anterior post comentei sobre uma consequência natural do serviço público de ensino: a redução da qualidade de educação (um processo de "dumb down").
Nunca pensei que tal processo fosse defendido por... alunos! Nas palavras de Salomão Resende, membro da Associação de Estudantes da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE), para o Setúbal na Rede (meu destaque):
(Link via Intermitente)
Nunca pensei que tal processo fosse defendido por... alunos! Nas palavras de Salomão Resende, membro da Associação de Estudantes da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE), para o Setúbal na Rede (meu destaque):
"Aumentar as propinas para melhorar a qualidade de ensino «não pode ser regra». «É preferível desistir da excelência para que a educação não fique limitada a uma elite»(...)"
(Link via Intermitente)
Titularização de Créditos
Hoje, no Público (meu link e destaques):
Nas PMEs, a necessidade de crédito deve-se, na maioria dos casos, a atrasos dos clientes no pagamento das dívidas - que criam dificuldades de tesouraria. Em Portugal, o Estado é o pior cliente. Logo, é compreensível que este financie semelhante programa: 25 milhões de euros é um montante irrisório, comparando com o que teria de pagar em juros - se a isso fosse "obrigado" (ver, por exemplo, meu post de Agosto de 2003).
"O IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento), o BPI e a PME Investimentos assinaram ontem um protocolo com o objectivo de lançarem uma operação de titularização de créditos para pequenas e médias empresas (PME) portuguesas, no valor de 500 milhões de euros.
(...)
Com esta parceria, o objectivo do instituto será «alavancar» os 25 milhões de euros inicialmente disponíveis no Fundo de Garantia para Titularização de Créditos (FGTC), criado em Agosto de 2002
(...)
Os responsáveis pela operação calculam que cerca de seis mil empresas poderão recorrer a esta medida - que faz parte do Programa de Incentivos à Modernização Empresarial (PRIME) - numa média de 80 mil euros por projecto."
Nas PMEs, a necessidade de crédito deve-se, na maioria dos casos, a atrasos dos clientes no pagamento das dívidas - que criam dificuldades de tesouraria. Em Portugal, o Estado é o pior cliente. Logo, é compreensível que este financie semelhante programa: 25 milhões de euros é um montante irrisório, comparando com o que teria de pagar em juros - se a isso fosse "obrigado" (ver, por exemplo, meu post de Agosto de 2003).
setembro 14, 2004
Regresso ao Futuro II
Dias atrás, no Blasfémias (meu destaque):
Entretanto, via Blasfémias, descobri, no Baixa do Porto, a discussão sobre a organização urbanística do centro histórico da cidade do Porto. Entre as várias opiniões aí publicadas, cito um post de TAF (meus destaques):
A lei do arrendamento (congelamento de rendas) não permitiu a evolução natural das cidades. Agora, apesar de alguns indícios de livre concorrência, ainda alguém quer "orientar a evolução" destas...
A maioria dos que escrevem para o "Baixa do Porto" (livre participação) tem uma clara opinião sobre o melhor caminho a tomar. Mas, então, qual será o "sentido admitido como adequado"? A opinião da classe política? De todos os portuenses? Do TAF?
E, que tal deixar a decisão com os verdadeiros proprietários??? Se, por exemplo, não tenho qualquer direito sobre qual deve ser a côr das paredes da casa do TAF porque, então, têm outros o direito de definir o destino duma propriedade privada que não lhes pertence?
Quem pensa ter a melhor solução para o futuro do centro histórico do Porto só tem uma opção éticamente correcta: a compra dos edíficios em questão!
"Assar Lindbeck, economista e antigo presidente do Banco Central sueco, considerou o tabelamento das rendas de habitação o meio mais eficaz, a seguir a um bombardeamento, para destruir uma cidade. A cidade do Porto, bem como outras em que os centros históricos tenham elevada densidade populacional, são exemplos claros da verificação daquela tese."
Entretanto, via Blasfémias, descobri, no Baixa do Porto, a discussão sobre a organização urbanística do centro histórico da cidade do Porto. Entre as várias opiniões aí publicadas, cito um post de TAF (meus destaques):
"Não concordo em fazer uma revolução e criar uma «Baixa nova». A Baixa, mais do que os edifícios, são as pessoas que lá estão e/ou estiveram. é fundamental que uma parte delas continue lá (ou volte para lá) para que a Baixa rejuvenesça sem perder as suas raízes, o que lhe dá encanto.
(...)
O papel do Estado é colmatar as falhas que existam e ajudar a orientar a evolução num sentido admitido como adequado. Não é decidir como vai ser a cidade. é preciso "descomplicar": fazer pouco mas fazer bem. Cumpra-se a Lei (especialmente por parte da Câmara) e faça-se cumprir. Se estas regras de convivência em sociedade estiverem a funcionar saudavelmente, os portuenses saberão fazer evoluir o Porto."
A lei do arrendamento (congelamento de rendas) não permitiu a evolução natural das cidades. Agora, apesar de alguns indícios de livre concorrência, ainda alguém quer "orientar a evolução" destas...
A maioria dos que escrevem para o "Baixa do Porto" (livre participação) tem uma clara opinião sobre o melhor caminho a tomar. Mas, então, qual será o "sentido admitido como adequado"? A opinião da classe política? De todos os portuenses? Do TAF?
E, que tal deixar a decisão com os verdadeiros proprietários??? Se, por exemplo, não tenho qualquer direito sobre qual deve ser a côr das paredes da casa do TAF porque, então, têm outros o direito de definir o destino duma propriedade privada que não lhes pertence?
Quem pensa ter a melhor solução para o futuro do centro histórico do Porto só tem uma opção éticamente correcta: a compra dos edíficios em questão!
Regresso ao Futuro
Recentemente, no Blasfémias, Grabriel Silva comentou sobre a nova lei do arrendamento apoiar as rendas dos pequenos comerciantes:
Não se trata apenas dos possíveis subsídios contemplados na nova lei. Durante décadas, tais comerciantes tiveram uma vantagem competitiva em relação à concorrência: uma reduzida estrutura de custos. Assim, o Estado parece querer perpetuar a concorrência desleal destes.
Muitos comerciantes fecharam portas - e outros nem as abriram - por não conseguirem competir com aqueles que pagam rendas de valor artificialmente baixo. Se hoje, estes últimos, não conseguem competir em igualdade de circunstâncias, então são empresas "zombie": morreram já há muito tempo mas continuam a funcionar por métodos não-naturais...
Caso a medida seja implementada pelo Governo, cabe aos restantes comerciantes apresentar queixa na Autoridade da Concorrência. Da missão desta (meu destaque):
O Estado, ao subsidiar os pequenos comerciantes, está não só a desrespeitar o "princípio da economia de mercado e de livre concorrência" como, também, a criar um obstáculo à "repartição eficaz dos recursos": os espaços comerciais ocupados pelas empresas "zombie" não estão a ser explorados pelos comerciantes que melhor servem os consumidores.
" - Não pode é fazer concorrência ilegal aos outros comerciantes. Por ter uma renda social enquanto os outros tem rendas reais.
- Não pode viver à custa do erário público, do dinheiro dos contribuintes. Mais vale aumentar os preços, porque assim só os seus clientes suportam esses custo e não todos nós.
- O custo "social" de o pequeno comércio fechar é nulo: se o comércio fecha é porque não tem clientes e não tem clientes porque os seus produtos/serviços ou são caros ou não tem qualidade ou as duas."
Não se trata apenas dos possíveis subsídios contemplados na nova lei. Durante décadas, tais comerciantes tiveram uma vantagem competitiva em relação à concorrência: uma reduzida estrutura de custos. Assim, o Estado parece querer perpetuar a concorrência desleal destes.
Muitos comerciantes fecharam portas - e outros nem as abriram - por não conseguirem competir com aqueles que pagam rendas de valor artificialmente baixo. Se hoje, estes últimos, não conseguem competir em igualdade de circunstâncias, então são empresas "zombie": morreram já há muito tempo mas continuam a funcionar por métodos não-naturais...
Caso a medida seja implementada pelo Governo, cabe aos restantes comerciantes apresentar queixa na Autoridade da Concorrência. Da missão desta (meu destaque):
"2 - A Autoridade tem por missão assegurar a aplicação das regras de concorrência em Portugal, no respeito pelo princípio da economia de mercado e de livre concorrência, tendo em vista o funcionamento eficiente dos mercados a repartição eficaz dos recursos e os interesses dos consumidores, nos termos previstos na lei e nos presentes Estatutos."
O Estado, ao subsidiar os pequenos comerciantes, está não só a desrespeitar o "princípio da economia de mercado e de livre concorrência" como, também, a criar um obstáculo à "repartição eficaz dos recursos": os espaços comerciais ocupados pelas empresas "zombie" não estão a ser explorados pelos comerciantes que melhor servem os consumidores.
setembro 09, 2004
Modelos Matemáticos
Em anterior post critiquei, levemente, o facto da maioria dos economistas reduzir o comportamento humano a fórmulas matemáticas. Agora, via Hidden Persuader, um artigo da Newsweek sobre o estudo do processo de decisão (meus destaques):
O jornalista está, certamente, a referir-se aos economistas "mainstream". Durante décadas, a escola austríaca tem defendido diferente metodologia:
Senhores "economistas", não somos números mas, sim, indivíduos!
"Flat on my back, my eyes shrouded with LED goggles and my ears encased in headphones, I was trundled into the maw of an fMRI machine in a basement lab at the California Institute of Technology.
(...)
My brain was helping science explain why, despite centuries of progress in economic theory since Adam Smith, actual human beings so often refuse to behave as equations say they should.
For all its intellectual power and its empirical success as a creator of wealth, free-market economics rests on a fallacy, which economists have politely agreed among themselves to overlook. This is the belief that people apply rational calculations to economic decisions, ruling their lives by economic models. Of course, economists know that the world doesn't actually work this way"
O jornalista está, certamente, a referir-se aos economistas "mainstream". Durante décadas, a escola austríaca tem defendido diferente metodologia:
"[The Austrian School] is not a field within economics, but an alternative way of looking at the entire science. Whereas other schools rely primarily on idealized mathematical models of the economy, and suggest ways the government can make the world conform, Austrian theory is more realistic and thus more socially scientific."
Senhores "economistas", não somos números mas, sim, indivíduos!
setembro 08, 2004
Invasão de Propriedade Privada
Na nova "casa" do Desesperada Esperança, Bruno Alves escreve sobre a proposta governamental de proibição de fumar nos cafés e restaurantes (meu destaque):
Leitura obrigatória!
"Quando o Estado proíbe as pessoas de fumar em (todos) os restaurantes, ou em (todos) os cafés, está a interferir [na] liberdade de escolha individual. Ao contrário do que o politicamente correcto nos quer fazer crer, ao proibir as pessoas de fumar no café, o Estado está a entrar na casa de um seu cidadão. Os Estados que entram na casa dos seus cidadãos, são os Estados totalitários."
Leitura obrigatória!
setembro 03, 2004
Desinformação VI
Relativamente ao anterior post com o supracitado título, não são apenas os órgãos de comunicação social portugueses que "tentam" enganar o público. Artigo no Cato Institute (meus destaques):
Idem para a qualidade dos artigos portugueses!
"A widely circulated Associated Press [AP] article says, «The wealthiest 20 percent of households in 1973 accounted for 44 percent of total U.S. income, according to the U.S. Census Bureau. Their share jumped to 50 percent in 2002.»
(...)
By using the word «jumped,» the AP story clearly implies the income share of the top 20 percent «jumped to 50 percent in 2002.» In fact, the share fell to 49.7 percent in 2002 from 50.1 percent in 2001. To describe a falling number as a «jump» seems remarkably shameless, even in an election year.
(...)
Cautious readers might notice that, regardless of the nonexistent jump, the AP report claims to discuss what happened «over two decades,» creatively defined as starting with 1973. And although the story claims the share at the top «has steadily increased,» it actually rose from 46.9 percent in 1992 to 49.8 percent in 2000 (when Bill Clinton was president), but has not risen at all since then.
(...)
This is not a liberal bias but an ignorance bias. Does the AP have any editorial standards?
(...)
The quality of economic reporting in the United States is awful and getting worse."
Idem para a qualidade dos artigos portugueses!
Taxas de Crescimento
É usual ouvirmos políticos, comentadores e jornalistas dizerem que a superior taxa de crescimento da China, em relação aos EUA e Europa, significa que, dentro de X anos, as economias ocidentais serão ultrapassadas.
E, no entanto, começa a haver evidências de problemas de crescimento na economia chinesa: na Tech Central Station, "China's Labor Shortage?".
Tais afirmações pressupõem a não alteração das taxas de crescimento. O Luís Aguiar-Conraria tem um óptimo exemplo que revela o absurdo de semelhante crença. A ler!
E, no entanto, começa a haver evidências de problemas de crescimento na economia chinesa: na Tech Central Station, "China's Labor Shortage?".
Tais afirmações pressupõem a não alteração das taxas de crescimento. O Luís Aguiar-Conraria tem um óptimo exemplo que revela o absurdo de semelhante crença. A ler!
Desinformação V
Na edição de 21 de Agosto da revista Única, suplemento do semanário Expresso, a jornalista Conceição Antunes escreve um artigo sobre o sucesso do empreendimento Palm Island (meu destaque):
A jornalista do maior semanário português (em tiragem e em tamanho) devia ter cuidado com o que escreve. "Proprietário" ou "detém" são termos que denotam o controlo das empresas referidas. Consultando a carteira de títulos do príncipe saudita, verificamos o absurdo de tais afirmações:
Proprietário? Eu diria ACCIONISTA!!!
Nota: não é a primeira vez que o Expresso apresenta informação errónea sobre Alwaleed.
"Em meia hora, foram compradas quatro torres inteiras de apartamentos. Ao fim da manhã, o número ascendia a seis. Em menos de 24 horas, ficou tudo vendido: 10 torres com cerca de 800 apartamentos. «Esperávamos vender isto talvez num ano», confessa Jassim Al-Bahar, proprietário da IFA e investidor de referência na Palm Island. Para a gestão dos futuros hotéis, o empresário fez uma aliança com Alwaleed Alsaud, príncipe da Arábia Saudita que detém as cadeias Fairmont e Four Seasons. Considerado o quinto homem mais rico do mundo, Alwaleed também é proprietário da Eurodisney e do Citigroup, que comprou a dívida às Finanças de Portugal."
A jornalista do maior semanário português (em tiragem e em tamanho) devia ter cuidado com o que escreve. "Proprietário" ou "detém" são termos que denotam o controlo das empresas referidas. Consultando a carteira de títulos do príncipe saudita, verificamos o absurdo de tais afirmações:
Empresa | Participação |
Fairmont Hotels and Resorts | 4,9% |
Four Seasons Hotels and Resorts | 22% |
Disneyland Resort and Theme Park, Paris | 17,3% |
Citigroup | 4% |
Proprietário? Eu diria ACCIONISTA!!!
Nota: não é a primeira vez que o Expresso apresenta informação errónea sobre Alwaleed.
setembro 02, 2004
Ensino: Público vs Privado
Através do Jaquinzinhos descobri o blog "Nas fronteiras da dúvida", de Luís Aguiar-Conraria, estudante de doutoramento de Economia na Universidade Cornell.
Apesar de beneficiar(?) do ingresso numa das mais conceituadas universidades americanas, o Luís Aguiar-Conraria não apoia a criação, em Portugal, de semelhante sistema privado de educação. Porque, segundo ele, "levaria à exclusão de muitos estudantes por razões financeiras". Sendo assim, porque não faz ele o doutoramento numa universidade pública portuguesa? Aguardo resposta...
Ainda, no post "Que faço aqui?", o blogger refere um seu artigo sobre o financiamento da educação intitulado "Public vs Private Schooling in an Endogenous Growth Model" (na página, sigam o link abaixo de "Downloads": ficheiro PDF - 308 KB). Trata-se de um trabalho (como tantos outros) em que o comportamento humano é reduzido a um simples modelo matemático. Ahhh, se, nós humanos, fossemos assim tão fáceis de definir!!!
Mas, penso eu, é suficiente comentar o seguinte texto da introdução:
O sistema público de ensino "reduz a desigualdade" porque não existem incentivos à inovação, presentes no sistema privado - através da concorrência entre instituições. Trata-se, assim, de nivelar por baixo a qualidade de educação.
Talvez o autor ainda não conheça o termo dumb down: "To rewrite for a less educated or less sophisticated audience.". Ou, nas suas próprias palavras, a "fortíssima componente de matemática (...) [faz, às vezes, esquecer] que estava a estudar economia".
Inconscientemente, o próprio Luís Aguiar-Conraria concorda com a afirmação acima. Volto a usar as suas palavras (meu destaque):
Interpreto que um doutoramento, em Portugal, numa universidade pública, não teria a mesma "intensidade" de aprendizagem...
Concluindo, a igualdade não é um objectivo válido. Tal pressupõe que todos os estudantes têm semelhantes capacidades de aprendizagem. Não têm! A desigualdade faz parte da condição humana.
Apesar de beneficiar(?) do ingresso numa das mais conceituadas universidades americanas, o Luís Aguiar-Conraria não apoia a criação, em Portugal, de semelhante sistema privado de educação. Porque, segundo ele, "levaria à exclusão de muitos estudantes por razões financeiras". Sendo assim, porque não faz ele o doutoramento numa universidade pública portuguesa? Aguardo resposta...
Ainda, no post "Que faço aqui?", o blogger refere um seu artigo sobre o financiamento da educação intitulado "Public vs Private Schooling in an Endogenous Growth Model" (na página, sigam o link abaixo de "Downloads": ficheiro PDF - 308 KB). Trata-se de um trabalho (como tantos outros) em que o comportamento humano é reduzido a um simples modelo matemático. Ahhh, se, nós humanos, fossemos assim tão fáceis de definir!!!
Mas, penso eu, é suficiente comentar o seguinte texto da introdução:
"It is known from the literature, see Glomm and Ravikumar (1992) and Zhang (1996) as the leading references – also see Bräuninger and Vidal (2000), that one of the effects of the public system is the reduction in inequality. This happens because all agents face the same quality of education, while in a private system richer families have better schooling. So, on distributional grounds, there is a consensus that a public system is superior to a private system, at least if one considers equality as a goal."
O sistema público de ensino "reduz a desigualdade" porque não existem incentivos à inovação, presentes no sistema privado - através da concorrência entre instituições. Trata-se, assim, de nivelar por baixo a qualidade de educação.
Talvez o autor ainda não conheça o termo dumb down: "To rewrite for a less educated or less sophisticated audience.". Ou, nas suas próprias palavras, a "fortíssima componente de matemática (...) [faz, às vezes, esquecer] que estava a estudar economia".
Inconscientemente, o próprio Luís Aguiar-Conraria concorda com a afirmação acima. Volto a usar as suas palavras (meu destaque):
"Nunca imaginei que fosse possível aprender tanto, tão depressa, com tanta intensidade como aprendi nestes anos. Ao fazer-se um doutoramento na Cornell é-se empurrado, em cerca de 2 anos, para a fronteira da ciência. Aí chegado, descobrimos o tanto que não sabemos."
Interpreto que um doutoramento, em Portugal, numa universidade pública, não teria a mesma "intensidade" de aprendizagem...
Concluindo, a igualdade não é um objectivo válido. Tal pressupõe que todos os estudantes têm semelhantes capacidades de aprendizagem. Não têm! A desigualdade faz parte da condição humana.
setembro 01, 2004
O Debate do Ano
Não Subscrevo
Na edição de 21 de Agosto do semanário Expresso, Vítor Andrade, coordenador do Caderno de Emprego, escreveu um artigo intitulado "O exemplo de Belmonte" (meu link):
Esqueceu-se o jornalista de considerar a origem do "dinheiro público": os nossos impostos. Talvez não conheça (ou não compreenda) o conceito de custo de oportunidade. Para melhor esclarecimento sugiro um ensaio de Frederic Bastiat - capítulo III, Taxes (meu destaque):
As acções dos políticos da Câmara Municipal de Belmonte são evidentes. Imperceptível é o dinheiro dos contribuintes que deixa de ser investido na economia, aumentando o desemprego em sectores que pagam os impostos mas não beneficiam destes subsídios estatais.
Será "responsabilidade social do Estado" criar desemprego?
"A Câmara Municipal de Belmonte, no distrito de Castelo Branco, anunciou esta semana a criação de duas empresas de inserção profissional - uma para a área da conservação de espaços públicos e outra para o sector da restauração.
(...)
Poder-se-á dizer que é mais uma forma de gastar dinheiro público. Pois é. Só que isto é uma demonstração daquilo que se chama responsabilidade social do Estado. Além disso, tudo o que significa formação de recursos e respectiva colocação no mercado de trabalho merece sempre todo o apoio."
Esqueceu-se o jornalista de considerar a origem do "dinheiro público": os nossos impostos. Talvez não conheça (ou não compreenda) o conceito de custo de oportunidade. Para melhor esclarecimento sugiro um ensaio de Frederic Bastiat - capítulo III, Taxes (meu destaque):
"Have you ever chanced to hear it said «There is no better investment than taxes. Only see what a number of families it maintains, and consider how it reacts on industry; it is an inexhaustible stream, it is life itself.»
(...)
The advantages which officials advocate are those which are seen. The benefit which accrues to the providers is still that which is seen. This blinds all eyes.
(...)
When an official spends for his own profit an extra hundred sous, it implies that a tax-payer spends for his profit a hundred sous less. But the expense of the official is seen, because the act is performed, while that of the tax-payer is not seen, because, alas! he is prevented from performing it."
As acções dos políticos da Câmara Municipal de Belmonte são evidentes. Imperceptível é o dinheiro dos contribuintes que deixa de ser investido na economia, aumentando o desemprego em sectores que pagam os impostos mas não beneficiam destes subsídios estatais.
Será "responsabilidade social do Estado" criar desemprego?
Subscrevo
Na edição de 21 de Agosto do semanário Expresso, o director, José António Saraiva, escreveu (meu destaque):
Concordo com esta última parte do texto! Em qualquer democracia haverá sempre, em maior ou menor escala, políticos demagogos que tentam "satisfazer o povo no imediato" com a riqueza confiscada a outros (em sistemas totalitários a situação piora: o voto perde o pouco poder que possui). Contudo, caro José António Saraiva, a atitude de Chávez não é a excepção mas, sim, a norma!
E, ainda que um político (incluindo Chávez) queira investir na "modernização das estruturas produtivas", como saberá ele quais as empresas a financiar (e em que montante)? A decisão de investimento (da riqueza confiscada) será sempre política!
O director do Expresso usou a vitória de Chávez no referendo venezuelano para demonstrar uma das falha do sistema democrático: a "compra" de votos. É um bom começo...
"[Chávez] não investe o dinheiro que ganha com a venda de petróleo (...) na modernização das estruturas produtivas: distribui-o directamente pelos pobres. Assim, faz-se amar pelo povo. Mas, simultaneamente, condena-o à miséria, porque a única forma de acabar com a pobreza é promover o desenvolvimento. O dinheiro que não é aplicado de forma rentável desaparece como chuva na areia.
Um provérbio chinês ensinava a receita apropriada: «Se vires um pobre com fome, não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar». O coronel Hugo Chávez faz exactamente o contrário: oferece peixe aos pobres. Paga a médicos para darem consultas grátis aos mais necessitados e fornece géneros a metade do preço. Desta forma, percebe-se que o povo o adore. Não compreendendo que deste modo nunca sairá da cepa torta.
O caso de Chávez merecia estudo sério. Porque mostra os limites da democracia: revela o modo como um demagogo pode conservar o poder satisfazendo o povo no imediato mas condenando-o a prazo."
Concordo com esta última parte do texto! Em qualquer democracia haverá sempre, em maior ou menor escala, políticos demagogos que tentam "satisfazer o povo no imediato" com a riqueza confiscada a outros (em sistemas totalitários a situação piora: o voto perde o pouco poder que possui). Contudo, caro José António Saraiva, a atitude de Chávez não é a excepção mas, sim, a norma!
E, ainda que um político (incluindo Chávez) queira investir na "modernização das estruturas produtivas", como saberá ele quais as empresas a financiar (e em que montante)? A decisão de investimento (da riqueza confiscada) será sempre política!
O director do Expresso usou a vitória de Chávez no referendo venezuelano para demonstrar uma das falha do sistema democrático: a "compra" de votos. É um bom começo...